Sobre ser mulher do lado de baixo do Equador

Diante de fatos que, embora comuns, não são normais que estamos presenciando esta semana sobre assédio sexual e estupro, peço licença à jornalista Carol Maia, do Única – Empreendendora de Si Mesma, minha amiga, para replicar na minha coluna de hoje um desabafo daqueles que eu gostaria de fazer, mas já achei pronto e perfeito.
Aos homens que não sabiam que esse tipo de coisa acontece, segurem o queixo e o impulso de fazer justiça com as próprias mãos. Mas é assim mesmo que acontece. Não se respeita mais a mulher gestante, a mulher criança, a mulher idosa, a mulher comprometida… Não se respeita a mulher. O texto de Carol está entre aspas. A experiência é a dela, mas qual de nós nunca passou exatamente por isso?
“Doeu ligar a TV e conhecer mais dois casos de assédio. Dói saber que esses são apenas dois dentre uma quantidade incontável de casos que não incorporam as estatísticas. Está doendo até agora. Na verdade, a dor cresce com o recorte: foi ali, no ir e no vir, em pleno transporte coletivo, que mais duas de nós, à luz do dia, tiveram corpo e alma violentados na avenida de maior vida ativa de SP.
Dói e é F#%@. E pode continuar sendo F#%@, sabe porquê? Tem muita gente que AINDA pensa que trabalhar com protagonismo da mulher, empoderamento feminino ou seja lá o que você preferir chamar, é um espécie de reforço da segregação entre gêneros. Tem muita gente que pensa que tá tudo muito equilibrado e o respeito ao feminino tornou-se uma realidade com as conquistas do gênero, com a presença cada vez maior das mulheres em centros acadêmicos e em altas posições no mercado. Mas falta muito… Um bocado de coisa, pra gente sentir o sabor de um mundo confortável e proporcional para todos.
As duas mulheres que cito acima já estão nas estatísticas e certamente sentiram que entre o discurso social e a prática há um abismo imenso quando o assunto é respeito. Afinal, uma ‘multinha’ paga o abuso, correto?
De mimimi e de hipocrisia, eu tô cheia. Revoltada é pouco com esse circo à céu aberto. Saco zero pra gemido e dizeres pornográficos de homem quando eu ou qq outra mulher passa. Um maluco não perdoou nem a minha gravidez… Outro, há pouco, ignorou a presença da minha filha e tome a falar porcaria às 10h no parque, diante de tantas outras crianças. Tá demais. Tá pau. Tá feio.
Trabalho por um universo feminino mais protagonista e feliz porque ainda é necessário…E os homens fazem totalmente parte desse processo. A jornada é conjunta. Ao término de cada palestra, o feedback, os bastidores revelam o que insiste em ficar por trás das cortinas… Empoderamento, respeito, bem-estar é o que todas querem, é o que muitas dizem que têm, mas poucas vivem de fato.
Enquanto ouvir e conhecer casos como esses da Av. Paulista, eu não vou parar. Vou afiar ainda mais o discurso. Afinal, protagonismo chama respeito. Respeito é bem-estar onde quer que se esteja. Né isso?!”
Janaina Pereira é Administradora
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