Inclusão Atitudinal

No próximo dia 28, encerra-se a Semana da Pessoa com Deficiência. No Brasil, 24% da população tem algum tipo de deficiência. Pernambuco está acima da média, com 27%, o que corresponde a quase 2,4 milhões de indivíduos. Somando-se a isso uma verdadeira legião de cuidadores e familiares, podemos dizer que mais da metade da população lida diretamente com os problemas de uma nação que não respeita a pessoa com deficiência. Isso se traduz claramente na ausência de acessibilidade, na mobilidade urbana inadequada e na educação que não inclui, no máximo, tolerância porque a lei determina. Mas também fica evidente a exclusão atitudinal, quando a gente enxerga a “limitação” antes da cidadania, como se fossem conceitos excludentes.

A exclusão atitudinal é aquela, velada ou não, em que uma rampa numa calçada é resultado de uma determinação legal, não da intenção de favorecer a passagem de todos. Ou de “aceitar”, e não “acolher” na escola. A diferença? Profissionais com má vontade, preconceito ou despreparo para lidar com as especificidades da deficiência. Também é exclusão atitudinal “esconder” a pessoa com deficiência em atividades desportivas, por exemplo. Mas é bom deixar claro que não é apenas esta tal de “sociedade” que exclui atitudinalmente. Por questões culturais ou não – que não justificam as inadequações que percebemos hoje -, às próprias pessoas com deficiência e suas famílias as excluem do convívio social, do trabalho, por causa de uma leitura inadequada da lei que rege o Benefício de Prestação Continuada (BPC), do ambiente escolar e, em muitos casos, até mesmo do círculo familiar.
Incluir não é reservar espaço, não é fazer porque é obrigatório. Não é levantar a causa para cumprir demandas como a semana de conscientização, por exemplo. Incluir requer quebra de paradigmas, principalmente aquele que atribui uma limitação intransponível à deficiência. Uma cidade acessível a deficientes físicos ou visuais é acessível a todos. A rampa serve a todos; as escadas não. Um ambiente de inclusão atitudinal serve a todos, com ou sem deficiência. Todos apreciam ser adequadamente tratados e respeitados.
Temos demandas muito urgentes a sanar antes de nos considerarmos um país inclusivo. Mas a verdade é que o exemplo arrasta. Para quem quiser conhecer de perto o potencial de uma pessoa com deficiência, não faltam casos de superação a pesquisar, afinal são 24% da população gigantesca do Brasil que clama exclusivamente por oportunidade e respeito.
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