Reportagem Especial

Homens mascarados invadem o agreste pernambucano durante o carnaval. Não há motivo para susto. Diz a lenda que, quando surgiram, usavam disfarces para comer angu sem serem notados. Eram os “papangus”. Não é a única história a tentar explicar o surgimento dessas figuras, que, desde o século XIX, batem ponto na cidade de Bezerros, a cerca de uma hora e meia de Recife.

Na Estação da Cultura, espaço dedicado à história da cidade, é possível conhecer de perto essa manifestação típica do interior de Pernambuco. Há um museu, com vasto acervo de peças raras, livros e fotos, além de uma exposição permanente de fantasias e máscaras.

Outra atração é a Casa de Cultura Popular Lula Vassoureiro, onde estão as obras do artesão, um dos maiores criadores de máscaras de Pernambuco. Outro ponto fundamental é o Memorial J. Borges & Museu da Xilogravura, com diversas obras do artista que também batiza o local e é considerado um dos grandes mestres do cordel.

Mais perto de Recife, Nazaré da Mata é também uma viagem pela cultura do Estado. A cidade na Zona da Mata, a uma hora da capital do estado, é considerada o berço do maracatu rural. Sua maior expressão acontece, é claro, durante o Carnaval, quando centenas de pessoas invadem o pacato município. Mas vai além. Por lá, o negócio é mesmo sério. Há disputa anual de orquestras, lideradas por seus mestres, e cortejos, que são compostos por personagens como reis, rainhas, caboclos de lança e calungas, todos inspiradas na cultura africana.

No antigo matadouro da cidade, hoje funciona o Centro Cultural de Nazaré da Mata, que conta a história do maracatu rural. O acervo guarda fantasias típicas e explica as origens deste que é considerado o mais antigo ritmo afro-brasileiro. Restaurada, a própria construção que abriga o museu é uma atração à parte. É um prédio do século XVIII (sua fundação exata é desconhecida), que mantém as áreas de transporte, lavagem e corte da carne.

Outra escapadinha

Saindo de Nazaré da Mata e antes de voltar a Recife, vale outra parada. Mais um capítulo da cultura pernambucana pode ser apreciado em Tracunhaém. A pequena cidade é daquelas típicas do interior brasileiro, com uma praça, cercada por uma igreja católica e pequenas casas coloniais. Neste caso, as construções abrigam diversos ateliês de artistas pernambucanos, especializados em esculturas de barro. Dá para visitar muitos deles. Se não tiver tempo suficiente, a dica é conhecer um pouquinho de cada artista no Centro de Arte e Artesanato, que reúne as obras de todos.

Para encerrar a visita, a sugestão é conferir a Olaria Dantas, que produz utensílios domésticos, como copos e filtros de barro, além de fornecer matéria-prima para os artesãos.


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