O futuro do Brasil foi ontem?

Nivaldo Santino é advogado

Tomei a frase do título, aqui descontextualizada, emprestada de um artigo publicado no Jornal do Commercio do domingo (02.07.2017) da lavra do ex Ministro da Fazenda e ex Governador de Pernambuco, Gustavo Krause, autor de ótimos textos que geralmente propiciam boas informações e agradável leitura. Me encarreguei da interrogação.

No artigo: “A democracia ameaçada?” Krause fala, citando alguns pensadores, sobre as “transformações da democracia”, no Brasil e no mundo.

Me ocorreu ideia de falar sobre nossa vivencia com a democracia, mas de maneira bem mais próxima. Quase palpável, vez que vivenciada. Sou proveniente da chamada ‘geração perdida’. Aqueles jovens que sofreram ainda os efeitos da ditadura militar. Não. Não fui torturado nem fiz parte de nenhum grupo revolucionário. Mas havia ainda alguma repressão psicológica e principalmente a restrição cultural. Éramos vigiados, limitados, tolhidos. Mas, diferentemente da geração anterior do início do golpe, não sem alto custo, alcançamos a abertura e inclusive o direito de votar e fazer política. Naquela época se falava muito que o Brasil era o país do futuro, principalmente porque a nossa população era de maioria jovem, o que vem se revertendo.

Nós acreditávamos que éramos mesmo o país do futuro. Lutamos anos contra o regime de exceção para conquistar a sonhada liberdade. Anistia, eleições livres, uma nova Constituição, extinção da censura e tantos outros direitos fundamentais hoje insculpidos na nossa Carta Magna. Funcionou. Deu certo!

E o que fizemos com isso? Depois de tanta luta, banalizamos o voto, desprezamos a política e estabelecemos a desesperança. Basta ser político para ser tratado como delinquente. Culpado o não. Esquecemos que somos nós, o povo, quem faz os políticos. E se a matéria prima não é boa…!

Vivemos, indiscutivelmente, talvez a nossa maior crise. É uma crise essencialmente política. Com a classe política totalmente desprestigiada. Já se fala das mordomias do judiciário e do Ministério Público. E tudo isso é salutar. É preciso que o país seja realmente passado a limpo. Mas não se faz isso sem esperança. Sem se preocupar com o futuro. Nós alçamos, bem ou mal, o futuro que pretendíamos. Acho que temos sim do que nos orgulhar. Mas e os jovens de agora? Quais as metas e perspectivas?

Se o problema é político se resolve com política. Não há solução fora da política. Se você acha que não tem político bom o suficiente para ter o seu voto, já tem um senso crítico. Mas não vale ficar no mimimi…Vá à luta participe do processo. Se candidate se for necessário. Mude a perversa realidade. Se você não tem opção seja a opção. Mas não deixe de construir o futuro. Agora! Se não a frase do título ganha efeito e perde a interrogação.

Nivaldo Santino é advogado

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