” Incutir na agenda dos políticos de Bezerros projetos importantes na base do comprometimento é algo gratificante”

Arquivo

Como o vereador Elissandro Pedro (PcdoB) não enviou em tempo hábil as respostas das perguntas formuladas pela redação, resolvemos promover um bate papo com o nosso diretor, Flávio Melo. Afinal a série de entrevistas é algo muito sério e precisa continuar. As perguntas, claro, foram feitas pelos internautas, através do grupo do WhatSapp e facebook. Flávio Melo tem 34 anos, fundou o Jornal Bezerros Hoje, em 2003. Em 2007 lançou a versão digital através do site bezerroshoje. É funcionário público, faz curso de letras pela Fadire e promove pelo 3º ano o bloco Bezerros Folia. Além disso, resolveu  se articular no PSOL juntamente com outros amigos da imprensa local.

JEAN FERREIRA- O Bezerros Hoje era um sonho? Superou as expectativas com a proporção que tomou durante esses anos ou ainda há outras metas a superar?

Flávio Melo: Foi uma grande sonho realizado. Morava no sítio onde o único meio de comunicação que tínhamos era um rádio antigo de pilha que só sintonizava emissoras AM. O tio do meu pai, o tio Apolônio (que faleceu com quase 100 anos) guardava jornais que lia durante a semana  e me enviava aos sábados. Surgiu aí essa paixão pela comunicação impressa e o desejo de ver Bezerros dotado de um canal de comunicação mais abrangente. O nome Bezerros Hoje surgiu em minha mente em meados da década 90 e fui maturando. Em 2000 passei no concurso público de Gravatá e os primeiros salários que ganhei passei a investir na impressão do jornal que tinha um custo muito elevado. Sentir lá atrás que a internet estava provocando uma mudança de comportamento, onde o leitor passa a ser também protagonista da informação. A rapidez com que os fatos acontecem não podiam esperar para ser publicado no final do mês. Isso fez com que migrássemos para a nossa versão digital e os números que atingimos hoje não se compara aos que eram alcançados com a versão impressa. A meta alcançada, acredito eu, é a própria linha adotada no sentido de propor e abrir o espaço para todas as opiniões.  Incutir na agenda dos políticos de Bezerros projetos importantes na base do comprometimento é algo gratificante. A estrada de Serra Negra foi um exemplo marcante nesse sentido.

LUCIANA TORRES- A corrupção não é exclusividade do PT e o Mensalão pode não ser o maior escândalo de corrupção da história do Brasil, agora mas um caso com o presidente da Câmara Eduardo Cunha. Mas não é exemplar que essas pessoas estejam presas?

O maior dano que a corrupção provoca é na sociedade. As pessoas olham para Brasília e se indagam sobre sua vida correta. A política da esperteza entre as pessoas fica ainda mais aguçada na sociedade e isso é muito ruim. O PT não é o pai da matéria, mas tinha o combate a corrupção como bandeira de luta, pois carregava a esperança de um país justo. Não se tem um Brasil justo com tanta corrupção e desmandos, daí toda essa frustração e descrédito. O Eduardo Cunha, o Renan Calheiros já deveriam ter saído há muito tempo. Estão lá porque ora atendem caprichos da oposição, ora do governo.

LÉO KNOWLES- Qual é a sua opinião com relação a política e a atual gestão da cidade de Bezerros?

FLÁVIO MELO- A situação política não difere muito da nacional. Os partidos não pensam Bezerros, apenas acomodam as pessoas com seus projetos pessoais. Na proporcional o jogo é juntar pessoas para formar cauda eleitoral e reeleger vereadores que em uma grande parte não representam os anseios da população, embora tenham sido eleito por ela. Quanto a gestão municipal, o próprio prefeito Branquinho tem tido um comportamento de autocrítica que o favorece. Por vezes, ao se dirigir à imprensa revela que o seu governo não está bom, que poderia estar fazendo mais. Isso atenua de certa forma a inquietação social em relação a temas como saúde e segurança pública, porque quando o gestor se intitula o melhor de todos os tempos, diante de toda problemática sentida na pele pelas pessoas, provoca indignação. Um melhor entrosamento da equipe daria uma resposta mais rápida sobre as ações do dia-a-dia no município. No campo de atração de empresas, o prefeito tem se colocado a disposição de empresários que demonstram interesse pelo município.

LEANDRO LIMA-Você seguiria a carreira política?

Eu sou apaixonado pela boa política, pelas ideias coletivas, pelo realizar. Não acho que para isso acontecer você tem que, necessariamente, se enveredar na política partidária. Me sinto realizado como cidadão através do trabalho que desenvolvo, mas também entendo que há a necessidade de fazer com que a população esteja mais a par do processo político. As pessoas precisam atentar ao fato de que não é apenas ir votar que ela cumpre o seu papel, porque essa faze corresponde apenas a finalização de um jogo que está sendo orquestrado agora. É tempo de buscar pessoas de bem para entrar no processo de filiação de partidos sérios, porque com isso podemos oportunizar alternativas de escolhas no dia da eleição.  Sempre desejei entrar numa disputa, mas, após conhecer e  entender o que viria a ser cauda eleitoral (onde os candidatos de maior poder aquisitivo acabam se beneficiando da votação dos pequenos), vi que não daria a contribuição que desejaria. Uma candidatura nunca esteve fora de cogitação, mas é preciso antes um projeto político para representá-lo.

GILVAN JR. Seu partido PSOL que tem como Presidente da provisoria municipal, Máximo Neto, a nível estadual e federal, segue uma linha de oposição inclusive esse mesmo partido faz oposição em várias cidades do agreste aos prefeitos do PSB. Ano que vem você segue o seu partido ou fará o que na politica chamamos de prática de infidelidade partidária e ficara com o grupo da situação?

Partido político no país virou uma sopa de letrinhas de tantos que existem, grande maioria sem nenhuma causa coletiva.  Mas é preciso entender que eles são importantes, porque sem eles não há como disputar um cargo eletivo. Uma boa reforma política poderia dá uma arrumada nisso tudo, expondo melhor a identidade de cada um. Já militei no PSB, PT e PSDB em todos há boas e más intenções quando o assunto é poder. Não é porque você milita em um partido que você vá concordar em 100% com sua ideologia. Para mim, o importante é defender as causas sociais, o respeito as individualidades  e focar no bem coletivo. O PSOL é um partido novo que representa esses anseios. É contra o fisiologismo, a corrupção e defende a liberdade individuais, além de nos dar uma autonomia no município.  Estarei onde o partido estiver, sendo candidato ou não. Há um projeto maior que é reunir as pessoas que desejam fazer a política do desprendimento e a minha história mostra isso. Eu gosto de acreditar nas pessoas, embora sejam inevitáveis as frustrações. O próprio partido apresenta  algumas restrições de alianças e isso será respeitado.

Aparecida-Cida- Ultimamente a cidade de Bezerros está passando por um momento difícil na área de segurança publica . Como você analisa isso para as próximas festas e em breve o seu evento no mês de novembro ?

É uma problemática que atinge todo o país e não é uma peculiaridade de Bezerros. Aqui o fato é muito ligado ao fator político porque foi pauta de promessas de campanha, mas sabemos que é um tema do Estado, onde o governo federal deveria abraçar, porque as drogas entram pelas fronteiras e alimentam o mercado em todo o país.  Essa venda nas periferias provocam as mortes que tanto assistimos pela imprensa (dívidas, disputas, etc).   No quesito violência também destaco essa cultura louca da ostentação, onde jovens desejam ter aquilo que suas condições não permitem. Sem uma base familiar consolidada eles acabam influenciados por uma vida mais fácil.  Isso é um tema amplo. Quanto ao evento de rua sempre há uma preocupação no quesito da segurança. Todos os órgãos públicos já foram antecipadamente informados, porque sempre tem uma logística quando o assunto é evento de rua.  É preciso entender que a segurança presente inibe fatos de desordem e isso estamos cuidando. Deixar de realizar a festa é dizer que  o Estado teme os bandidos  e acredito no Estado Democrático de Direito. A festa é um momento de lazer e alegria para juventude e toda a comunidade.

LUCIANA TORRES- As próximas eleições serão no próximo ano, qual o cenário politico que se apresenta em Bezerros?

Há uma dúvida generalizada sobre quem vai ser candidato a prefeito tanto na oposição quanto no governo. No governo, a definição sai com mais tranquilidade porque está nas mãos do prefeito Branquinho. Ele diz que não é candidato a reeleição, mas as vezes tem atitudes que deixam os curiosos da política em dúvida. O nome de Breno foi referendado como vice-prefeito em 2012 e caso seja o nome do grupo, sem dúvida que será competitivo. Na oposição, o nome hoje declarado é o de Neguinho de Israel, mas fala-se ainda na possibilidade do ex-vice-prefeito Carlinhos (PTB). Acho que a oposição só terá alguma chance se tiver alguém com capacidade para agregar a todos. No PSOL, algumas pessoas defendem que se lance uma chapa completa.

JOSÉ BATISTA: E o futuro? Quais seus planos e metas?

Acredito que trazemos consigo um propósito. As vezes me pergunto se falta algo a fazer e sempre há. Na vida em comunidade me inquieta a forma com que as pessoas assistem passivamente as articulações políticas e depois reclamam pela falta de alternativas. Cidadania é participação direta!  As pessoas precisam ser mais autênticas,  sem se preocupar com julgamentos de terceiros. Voltei a estudar após treze anos, algo que achei maravilhoso porque ampliei meus conhecimentos de visão de mundo. A meta é procurar estar bem comigo mesmo todos os dias. O ser humano tem esse desafio constante porque lidamos com emoções e razões e as vezes tomamos atitudes  equivocadas. Acho que publicaria um livro sobre o que vivi durante a minha passagem por esta vida.

Considerações finais…

Agradecer as perguntas formuladas por pessoas que julgo importantes em Bezerros e também na região. Espero ter passado algo que acrescente as pessoas. Pedi desculpas pela não publicação da entrevista que seria a anunciada, a do vereador Elissandro Pedro (PCdoB). O mesmo foi comunicado assim como os demais e aceitou ser o entrevistado do sábado. Ainda ontem o lembrei do compromisso para com vocês internautas. Abaixo a justificativa do vereador enviada pelo canal do faceboook.

E que tive que vir pro hospital em Recife. Se for possível responderei assim que puder e você coloca no próximo sábado. E possível?

Share

Leave a Reply