Fogo Cruzado – por Inaldo Sampaio

Jungmann deverá sair do Governo Temer sem esclarecer a morte de Marielle Franco

Prestes a deixar o governo Michel Temer, o ministro Raul Jungmann já teve a primeira conversa com o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, para acertar detalhes da transição. Jungmann informou ao ex-juiz da Lava Jato que o atual governo deixará para o próximo um legado importante na área de segurança, a exemplo de uma política para o setor e recursos garantidos da Loteria Esportiva. Ele teve o cuidado de pesquisar como a União tratou a questão da segurança em nossas Constituições e concluiu que em todas elas (da de 1824 à de 1988) jogou-se essa responsabilidade para as costas dos estados, que não têm condições de arcar sozinhos com esse peso. O atual ministro é admirador confesso de Sérgio Moro, que julgou os processos da Lava Jato até recentemente, mas tem dúvidas sobre se a junção da Pasta da Segurança Pública com a da Justiça será um bom negócio para o país. Ele gostaria que não houvesse essa fusão porque as atribuições da nova pasta ficarão muito amplas, com receio de que o novo ministro não consiga desincumbir-se bem de suas múltiplas responsabilidades. Porém, a decisão já foi tomada pelo presidente eleito e não há mais nada a lamentar. Jungmann sairá do governo convencido de que fez tudo que esteve ao seu alcance para que o Brasil tivesse uma política de segurança, mas algo que não conseguiu fazer o frustra bastante: esclarecer o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, mais por conta do Ministério Público, diz ele, que nunca quis a presença da Polícia Federal no caso, do que da pasta ora seu comando.

Pobre explicação

A vice-governadora eleita Luciana Santos (PCdoB) tinha todo o direito de não participar da reunião dos novos governadores com Bolsonaro, anteontem, no DF, substituindo Paulo Câmara, que estava no exterior, mas a justificativa para a ausência foi pífia. Alegou que a reunião teria “conotação política” como se fosse possível tirar a “política” de uma reunião desse porte.

Despedida – Morreu ontem em Caruaru o jornalista Antônio Miranda. ex-colaborador dos jornais “Vanguarda” e “Diário de Pernambuco”. Em nota, a prefeita Raquel Lyra (PSDB) afirmou que a imprensa pernambucana acaba de perder um dos seus grandes colaboradores.

O sangue – Roberto Campos Neto, futuro presidente do Banco Central, não será um “estranho no ninho” no governo Bolsonaro como foi o avô famoso, diplomata e ex-senador pelo MT, no início da Nova República. Roberto Campos era um genuíno liberal e o neto pensa como ele.

Carnificina – Pelas contas do professor José Maria Nóbrega (UFPB), houve em Pernambuco mais de 20 mil assassinatos entre 2013 e 2107, o que equivalente às populações de Tuparetama e Brejinho. Por isso, diz, não há motivo para comemorar e queda de crimes ocorrida no Estado em outubro deste ano.

Investigação – O Ministério Público e o TCE já estão investigando o suposto desvio de recursos do Fundef (R$ 8 milhões) na prefeitura de Catende. O dinheiro entrou nos cofres da prefeitura por um precatório e não se sabe ainda o destino dele. O vice-prefeito Fausto da Farmácia já foi avisado por seus advogados de que deverá substituir o atual Josibias Cavalcanti (PDT).

Calma, doutor! – Acostumado a tratar com desdém o juiz Sérgio Moro, o ex-presidente Lula foi surpreendido pela dureza da juíza Carolina Hardht na 1ª audiência do processo sobre o sítio de Atibaia. Quando ela o advertiu que baixasse o tom, sob pena de dar-se mal, Lula calou.

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