FOGO CRUZADO – POR INALDO SAMPAIO

Bolsonaro deve escolher rapidamente o futuro chanceler para evitar ruídos na política externa

O presidente eleito Jair Bolsonaro marcou um gol de placa ao convencer o juiz Sérgio Moro a ser seu ministro da Justiça. Acertou também quando decidiu fundir este Ministério com o da Segurança Pública para evitar duplicidade de comando em área tão nevrálgica como o combate à corrupção, à lavagem de dinheiro e à segurança propriamente dita. Basta lembrar que nesta área o Brasil pede socorro há muito tempo. Foram mais de 64 mil assassinatos em 2017, dos quais 5.427 em Pernambuco, que ficou atrás apenas do Acre e do Rio Grande do Norte. Já na composição de outros ministérios o presidente eleito parece não ter tido a mesma sorte. A escolha de Onyz Lorenzoni para a Casa Civil foi recebida com desconfiança por muitos congressistas, haja vista o seu perfil desagregador, e a do economista Paulo Guedes para o superministério da Economia começa a assustar o “mercado” após ele ter dito que vai desenvolver a indústria brasileira, “apesar dos industriais brasileiros”. E que fará a reforma da previdência por meio de plano de capitalização, experiência que teria se revelado desastrosa na ditadura chilena do general Pinochet. Dir-se-á que Bolsonaro também foi feliz na escolha do tenente-coronel da Aeronáutica Marcos Pontes para o Ministério de Ciência e Tecnologia e do general Augusto Heleno para o Gabinete de Segurança Institucional. Os dois pelo menos são bem humorados e estão decididos a exercer o poder “com alegria” tal como recomendava o ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda. O ponto falho do presidente eleito até agora é o Ministério das Relações Exteriores. Ele nada entende dessa área e já se permitiu fazer declarações inoportunas sobre o Mercosul, as relações do Brasil com a China e a transferência da Embaixada do Brasil em Israel de Telaviv para Jerusalém, algo que desagradaria ao mundo árabe para o qual exportamos mais de 20 bilhões de dólares em 2017. Bolsonaro deve escolher rapidamente o futuro chanceler e determinar que somente ele fale sobre nossa política externa.

Para quebrar a bacia leiteira

O deputado Claudiano Filho (PP) criticou o Governo do Estado pela concessão de incentivos fiscais à Nestlé (90% do ICMS devido) para que ela instale uma unidade de envasamento de leite em pó na fábrica de Garanhuns. Ele disse que o Governo está trocando R$ 1bilhão/ano de ICMS e 100 mil empregos diretos, por uma receita de R$ 2 milhões e 40 empregos diretos.

O rombo – Não será a fácil a vida dos governadores que se elegeram agora em outubro. O eleitor espera melhorar de vida, mas isso dificilmente acontecerá. Em Minas, por exemplo, o governador eleito Romeu Zema (NOVO) vai herdar um rombo superior a R$ 10 bilhões.

A herança – No Rio Grande do Norte, a situação é tão catastrófica que o governador Robinson Faria (PSD) sequer disputou a reeleição. A governadora eleita Fátima Bezerra (PT) herdará um Estado falido pelos seus antecessores Rosalba Ciarlini (PSD) e Robinson Faria (PSD).

O desmantelo – No Rio Grande do Sul, o governador eleito Eduardo Leite (PSDB) vai receber do atual José Ivo Sartori (MDB) várias folhas em atraso, um fundo de previdência quebrado e dívidas não pagas à União. A crise é antiga, por isso nunca um governador de lá se reelegeu.

Pobre juiz – No RJ, o governador eleito, Wilson Wítzel, que é juiz aposentado, tem tudo para decepcionar o povo carioca pela impossibilidade de equilibrar as contas públicas. O Estado vai fechar o ano com um déficit previsto de R$ 19 bilhões e nem sua amizade com Bolsonaro resolverá o problema.

Luz amarela – Pernambuco está com suas contas relativamente equilibradas em meio a uma Federação praticamente destroçada. Vai fechar suas contas com um déficit um pouco superior a R$ 1 bilhão e cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal no tocante a gastos com a folha. E o 13º está garantido.

LEIA O BLOG DO JORNALISTA AQUI

Share