Fogo Cruzado -Por Inaldo Sampaio

Da prisão, Lula determinou ao PSB e ao PCdoB como deveriam se comportar nessas eleições

Apesar de preso em Curitiba, o ex-presidente Lula foi o principal personagem da última eleição presidencial até a confirmação pelo PT de que o candidato não seria ele, porquanto enquadrado na Lei da Ficha Lima, e sim o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Lula liderou as intenções de voto até agosto e enquanto era o primeiro nas pesquisas, dava-se ao luxo de pautar a imprensa da cela onde se encontrava recolhido, e até seus próprios adversários. Escreveu dezenas de cartas para correligionários, determinou que o PSB ficasse neutro na eleição para evitar que o partido caísse nos braços de Ciro Gomes e ordenou ao PCdoB que desistisse da candidatura própria de Manuela D’Áviila em troca da candidatura dela a vice de Haddad. Como esse repertório se esgotou com a vitória de Jair Bolsonaro, Lula tenta se manter na mídia, como vítima, às custas do juiz Sérgio Moro. Solicitou ontem ao STF que reconheça a suspeição do juiz paranaense para julgá-lo e que decrete a nulidade de todos os atos processuais relativos ao tríplex do Guarujá, motivo de sua condenação por parte do magistrado. Teria ficado “indignado”, segundo versão da senadora Gleisi Hoffmann, pelo fato de Moro ter aceitado o convite de Bolsonaro para ser seu ministro da Justiça. Ora, o magistrado pode até ter-se excedido na condução desse processo mas todas as sentenças que prolatou foram confirmadas pelos tribunais superiores nos quais o ex-presidente impetrou recurso. Bem verdade que Moro sempre revelou um “viés político”, assim como seus colegas procuradores da Lava Jato. Mas pedir a nulidade de todos os atos processuais que praticou só porque será ministro de Bolsonaro é um exagero. Se Moro cometeu erros, Lula continua errando mais que o juiz que o condenou.

Carne de pescoço

O relator do habeas corpus de Lula no STF, relativamente ao pedido para que declare Moro “suspeito” para julgá-lo, é o ministro Édson Fachin, também conhecido como “carne de pescoço”. Seu único voto favorável a Lula na Lava Jato foi quando reconheceu como válido um parecer de dois membros do comitê de Direitos Humanos da ONU a favor de sua elegibilidade.

O xerifão – Se Raul Jungmann não fosse ministro de Michel Temer, tinha chance de trabalhar com Sérgio Moro no Ministério da Justiça. Os dois se relacionam bem e já trocaram diversos telefonemas em razões dos cargos que ocupam. O time de Moro será basicamente da Lava Jato.

Sem acordo – Se quiser o apoio da CUT para sua reforma previdenciária, Bolsonaro terá que esquecer a de Michel Temer e enviar outro projeto ao Congresso. A afirmação foi feita no Recife pelo deputado federal eleito Carlos Veras (PT), presidente da CUT estadual.

A exceção  – Militares e pastores foram categorias bem votadas este ano para o Congresso Nacional. Uma das exceções foi o coronel Luiz Meira, que não se elegeu deputado federal em Pernambuco. Entrou tarde na campanha e não houve tempo para se tornar conhecido.

 O campeão – Na Bahia, o campeão de votos para a Câmara Federal foi o Pastor Sargento Isidório (Avante). Unindo a farda e a religião, ele obteve 323.264 votos.

A confusão – Diferentemente do que se disse ontem na coluna, a mulher de Fernando Haddad (PT) chama-se Ana Stela e não Ana Amélia (PP). Esta última foi a vice de Alckmin (PSDB).

Na mídia – Crateús, no interior do Ceará, passou a ser presença constante nas redes sociais depois que se soube ser a terra de Vicente Paulo Reinaldo, “Paulo Negão”, sogro do presidente eleito Jair Bolsonaro. Mas a filha Michelle não nasceu lá, e sim em Ceilândia (DF).

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