FOGO CRUZADO – POR INALDO SAMPAIO

Pai de Chico Buarque foi quem primeiro escreveu que o brasileiro seria um “homem cordial”   

Há precisamente 82 anos, o historiador alagoano Sérgio Buarque de Holanda ao estudar o caráter do brasileiro definiu-o como “um homem cordial”. Durante muitas décadas isso foi interpretado como homem cordato, gentil. Mas os fatos da atualidade desmentem na prática esse conceito, o que levou o historiador a explicar, posteriormente, que “homem cordial” não era “homem gentil” e sim aquele que age sob os impulsos do “coração”. Basta lembrar em que 2017 foram assassinadas no Brasil mais de 60 mil pessoas e cada um desses crimes teve como causa, óbvio, uma “ação cordial”, ou seja, proveniente do coração. Isso fez com que numa entrevista recente à TV Nova o romancista pernambucano Raimundo Carrero tenha sustentado a contratese de que não somos um “povo cordial” no sentido de povo lhano, e os fatos também lhe dão razão. Como sustentar a tese da “cordialidade” se na presente campanha presidencial o tema central da disputa foi a violência, a tortura, a liberação da compra de armas e a definição do MST como “movimento terrorista” que deve ser enfrentado na base da pistola? Talvez preocupada com esse quadro de radicalismo, a cúpula das Forças Armadas reuniu-se em Brasília na última quarta-feira para defender que o próximo presidente da República, seja ele quem for, trabalhe pela pacificação do país. A tese dos militares está correta. Mas a provável vitória de Bolsonaro não aponta em direção à conciliação tanto por causa dos “radicais” dele como também pelos “radicais” que desejam fazer-lhe oposição.

O desprestígio do STF

O jornalista paraibano José Nêumanne Pinto, radicado em SP, ratifica a tese do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de que se algum ministro do STF for preso ninguém sairá às ruas para protestar. Ele diz que quem desmoraliza o STF são seus próprios membros, citando nominalmente Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Celso de Melo, Lewandowski e Dias Toffoli.

A fusão – Bolsonaro desistiu da tese de fundir o Ministério da Agricultura com Meio Ambiente se porventura for eleito no próximo domingo. Mas a fusão do Ministério do Planejamento com o da Fazenda continua de pé, assim como o da Educação com o da Cultura e o do Esporte.

Sem visita – Lula Cabral (PSB), prefeito de Santo Agostinho, não quer ser visitado por amigos e colaboradores da prefeitura enquanto estiver preso no Cotel. Só abriu exceções até agora para a mulher, os filhos e seu advogado Ademar Rigueira. Quem insistir em ir lá perderá tempo.

Os erros – O ex-prefeito de São Lourenço, Ettore Labanca (PSB), admite que cometeu erros nessas eleição, sendo o maior deles ter aconselhando o filho, Vinicius, a trocar o PSB pelo PP. Calculava que Cleiton Collins seria o “grande puxador” de votos do PP, o que não ocorreu. E que não haveria “puxador” de votos no PSB. Resultado: Gleide Ângelo se elegeu e arrastou três.

A queda – Assessores de Cleiton Collins também avaliam que o maior erro dele foi preocupar-se mais com a eleição de Paulo Câmara (PSB) para o Governo do Estado do que a dele para a Assembleia Legislativa. Esperava reeleger-se com 300 mil votos e obteve apenas 106 mil.

As vaias – Mesmo tendo apoiado a reeleição do senador Humberto Costa (PT), Paulo Câmara (PSB) ainda não foi assimilado pela militância do PT, que já o havia vaiado na passeata com Haddad na Praça Maciel Pinheiro, e o vaiou novamente ontem no largo da Igreja do Carmo. Haddad pousou no Recife feliz. A diferença que o separa de Bolsonaro caiu para 12 pontos.

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