FOGO CRUZADO – POR INALDO SAMPAIO

Se Bivar não disputar agora a presidência da Câmara Federal, amanhã pode ser tarde demais 

O pernambucano Luciano Bivar não é propriamente um veterano na Câmara Federal porque agora é que irá cumprir seu terceiro mandato naquela Casa. Todavia, reúne as condições políticas mínimas para ser o seu próximo presidente, desde que acredite que isto é possível. Em primeiro lugar, a Casa teve 50% de renovação e os velhos cabos eleitorais do atual presidente, Rodrigo Maia, não estarão mais lá em 2019, fazendo com que o deputado fluminense tenha se inviabilizado como candidato à reeleição. Maia viabilizou-se em meio a uma crise, que foi a saída de Eduardo Cunha da presidência, com apoio do presidente Michel Temer e dos partidos de esquerda. Em segundo lugar, os cerca de 250 novos parlamentares que irão tomar posse em fevereiro próximo talvez nem conheçam Rodrigo Maia. Logo, não têm qualquer compromisso com a reeleição dele. É esse vácuo que poderá ser preenchido pelo deputado Luciano Bivar, cujo partido (PSL) saiu das urnas com a segunda maior bancada da Câmara Federal (52 parlamentares). Por último, Bivar contaria com o apoio do virtual futuro presidente da República, Jair Bolsonaro, a quem cedeu a legenda do PSL para se candidatar. Só precisa crer que a vitória é possível, como Severino Cavalcanti acreditou e chegou lá, e ter uma conversa com os líderes dos outros partidos para montar uma chapa proporcionalmente representativa do tamanho das bancadas, algo que poderá ser feito após o segundo turno da eleição presidencial. O cavalo está selado à sua espera e se ele não montar agora talvez não tenha outra chance no futuro. Como escreveu o poeta, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

O destino na vida do capitão

Bolsonaro está há 28 anos na Câmara Federal e sempre fez parte do baixo clero. Nunca integrou a mesa diretora, nem ocupou cargo de líder ou vice-líder do governo ou da oposição. Não gosta da tribuna, nem de fazer parte de comissões, e tem pouquíssimos amigos no Congresso, nenhum deles de Pernambuco. Apesar de tudo isto, está a um passo de tornar-se presidente da República.

O fiasco – No início deste ano, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pousou em Cajazeiras (PB), terra do seu pai, César Maia, como pré-candidato do DEM a presidente da República. Recuou porque só tinha 1% na pesquisa, e disputou à reeleição. Resultado: 74 mil votos.

O capital – Paulo Câmara (PSB), governador reeleito, venceu em 149 dos 184 municípios pernambucanos e vai tentar transferir esse capital político para Fernando Haddad (PT) neste 2º turno da eleição presidencial. Armando Monteiro (PTB), que venceu em 25, está calado.

As trocas – O governador deverá fazer no 2ª mandato o que fez Eduardo Campos após ser reeleito em 2010: um governo “novo” com “peças” velhas. Nenhum secretário foi repetido na pasta em que se encontrava. Todos foram remanejados para outras funções.

Era ele – Márcio França (PSB), governador de SP e candidato à reeleição, sempre que pode reverencia a memória de Eduardo Campos, que foi presidente nacional do seu partido. Ele diz que se Eduardo não tivesse morrido em 2014, seria hoje o presidente da República.

Levou tudo – As extraordinárias votações obtidas por Gleide Ãngelo (PSB) para deputada estadual e por João Campos (PSB) para deputado federal (mais de 400 mil votos) inviabilizou a eleição de muitos candidatos do governo e da oposição. A delegada obteve 11 mil votos em Abreu e Lima sem o apoio de ninguém.

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