Dirceu não coenta nada de relevante em seu livro de memórias que comprometa Lula
Houve um governador em Pernambuco (Moura Cavalcanti) que costumava dizer que nos últimos 6 meses do seu mandato, até o cafezinho que era servido no Palácio das Princesas chegava à sua mesa frio. José Dirceu, espécie de 1º ministro da República no primeiro governo do presidente Lula, foi um dos homens mais poderosos do Brasil. Todas as decisões importantes do governo passavam por ele, incluindo nomeações para empresas estatais e indicações de ministros para tribunais superiores. Nessa época, os petistas brigavam para servir-lhe cafezinho quente. Por ironia da política, o ex-ministro da Casa Civil teve o nome envolvido no “mensalão”, que culminou com a cassação do seu mandato de deputado, e depois na “Lava Jato” que resultou em sua condenação a 30 anos de cadeia. Por tudo isso, poderia ter-se transformado num novo Palocci, que num gesto de oportunismo e canalhice resolveu delatar o ex-presidente, que o escolheu para ser seu ministro da Fazenda, quando poderia ter escolhido um dos economistas do partido (Palocci é médico). Lembra-se isto para dizer que José Dirceu esteve ontem no Recife a fim de lançar o 1º volume do seu livro de memórias. Nele, apenas mágoas do governo e do PT, contadas de forma superficial, mas nada de bombástico que arraste Lula para a roda. Na entrevista que deu anteontem, ficou a impressão de que recebeu com serenidade a pena a que foi condenado, e que espera, um dia, provar à Justiça a sua inocência. A maioria dos petistas que o bajulavam, sobretudo os que estão disputando as eleições deste ano, correm dele como o diabo da cruz, o que lembra o cafezinho frio de que falava o ex-governador.
Dilma para presidente?
Entrevistado anteontem no programa “Roda Viva Pernambuco”, Maurício Rands (PROS) contou que era líder da bancada do PT na Câmara quando circularam as primeiras informações de que Lula apresentaria Dilma como candidata a sua sucessão. Ficou tão escandalizado com a notícia que foi conferir a sua veracidade com os ministros Tarso Genro e José Eduardo Cardoso.
Sem preparo – Rands achava Dilma “despreparada” e “arrogante” e o tempo provou que tinha razão. Hoje, estranha que petistas como Humberto Costa falem mal apenas de Michel Temer, esquecendo que ele (Temer) foi o vice de Dilma e que foi Lula quem escolheu os dois.
A decência – Rands disse que voltou à vida pública “por idealismo” (renunciou ao mandato de deputado em 2012) a fim de mostrar às novas gerações que a política não tem só “canalhas”. E citou Roberto Magalhães como um dos “políticos mais decentes” que conheceu na Câmara.
Bolsa família – Jarbas (MDB) foi contra o “bolsa família” no passado e chegou a dizer à revista “Veja” que o considerava o “maior programa de compra de votos do mundo”. Hoje, reconciliado com o PT, diz que quer ser senador para ajudar Paulo Câmara a conseguir os recursos para pagar o 13º desse programa, que é uma de suas promessas de campanha.
A massificação – A ordem do “marketing” de Armando Monteiro (PTB) é massificar a frase “se a gente não mudar, fica tudo como está”, pois pesquisas qualitativas indicam que ela está sendo bem assimilada pelos eleitores, sobretudo do Recife e cidades da área metropolitana.
A expulsão – Ao se deixar fotografar ontem no Recife ao lado de um cartaz com um retrato de Jair Bolsonaro (PSL), Júlio Lossio pode ter dado pretexto à Rede de Marina Silva para expulsá-lo do partido. Anteontem, o PSB expulsou o prefeito de Chapecó (SC) pelo mesmo motivo.