Fogo Cruzado – Inaldo Sampaio

Sul e Sudeste entendem que o discurso de Bolsonaro encarna melhor interesses dessas regiões

O Nordeste tinha tudo para embarcar no discurso messianista do presidente eleito Jair Bolsonaro, mas se manteve fiel à pregação de Haddad que se apresentou aos eleitores como continuador da obra de Lula. Todo mundo sabe que Lula não é santo. Até porque se o fosse não estaria preso em Curitiba. Todavia, a maioria dos nordestinos não o vê como “presidiário corrupto”, como o define a grande mídia, e sim como um governante que olhou para os mais pobres, inserindo seus interesses na agenda social do governo. Do contrário, o Nordeste não teria sido um ponto fora da curva no 2º turno da eleição presidencial. Bolsonaro foi derrotado em todos os Estados da região, onde sete governadores eleitos cerraram fileiras com o candidato do PT logo no primeiro turno: Flávio Dino (MA), Wellington Dias (PI), Camilo Santana (CE), João Azevedo (PB), Paulo Câmara (PE), Renan Filho (AL) e Rui Costa (BA). Espera-se após a posse do novo presidente que a região não seja retaliada, dado que em seu primeiro pronunciamento à nação, na noite do domingo, Bolsonaro prometeu que será o presidente de “todos os brasileiros”, e que seu futuro governo terá “mais Brasil e menos Brasília”. Não se imagine que o Nordeste virou agora uma “região de esquerda” por ter dado a vitória a Fernando Haddad. Do mesmo jeito que o Sul/Sudeste deram ampla maioria a Bolsonaro por achar que o discurso dele encarna melhor os interesses dessas regiões, o Nordeste entendeu o contrário.

Vitória na Suprema Corte

Quando requereu registro de sua candidatura a deputado estadual, o ex-prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), que conseguiu se eleger, foi surpreendido por uma impugnação do Ministério Público Eleitoral. Ganhou a batalha por 7 x 0 no TRE, mas o MPE recorreu para o TSE. Ontem, finalmente, em decisão monocrática, o ministro Édson Fachin confirmou a sentença do TRE.

Até quando? – Brasília deu impressionantes 70% dos votos a Bolsonaro, ante 30% a Fernando Haddad, mas esse namoro com o presidente eleito deve durar pouco. Se o futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, cortar privilégios no serviço público, como promete, o DF se rebelará.

Quem te viu? – Minas, que já foi o maior celeiro de políticos do país, mandou para o Palácio da Liberdade nessas eleições o dono de uma rede de lojas (Romeu Zema) por falta de coisa melhor. Tancredo Neves, Benedito Valadares e Afonso Arinos devem estar tremendo no túmulo.

Day after – Pelo menos 4 novos governadores irão herdar estados financeiramente quebrados: Eduardo Leite (RS), Wilson Witzel (RJ), Romeu Zema (MG) e Fátima Bezerra (RN). Esta última é quem mais vai penar para arrumar a casa porque nunca administrou nada na vida.

A varrição – Dos 54 senadores que disputaram a reeleição, apenas 8 conseguiram salvar-se, entre eles dois craques da política: Renan Calheiros (MDB-AL) e Jáder Barbalho (MDB-PA). Jarbas Vasconcelos (MDB) já foi lançado por Humberto Costa (PT) para presidir o Senado.

Sem receita – O TCE tem orientado prefeitos pernambucanos a cobrar os impostos de sua competência, mas eles fazem ouvidos de mercador. A prefeitura de Brejão em 2015 arrecadou apenas R$ 5.996,75 de IPTU e R$ 180,83 de cobrança da dívida ativa.

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