Compesa na crista da onda eleitoral

Na edição de ontem do jornal O Poder, que chega pontualmente, às 19 horas, aos assinantes via WhatsApp, antecipei o plano da Compesa de arrecadar R$ 3 bilhões na venda de 49% das ações da empresa. A estatal tem ativos em torno de R$ 7 bilhões e capital social superior a R$ 5,5 bilhões, mas, ao invés do valor arrecadado servir para investir na melhoria da saúde da estatal, há uma desconfiança de que pode ser desviado para obras eleitoreiras.

No edital, não ficou definido a destinação da dinheirama. Na prática, o Governo, que anda sem alternativas de caixa para um ano eleitoral, pode investir o valor da venda das ações onde quiser e achar mais necessário. É possível que recorra às obras para bombar candidaturas de aliados no Recife, Região Metropolitana e Interior. Não é que o dinheiro venha a ser desviado ou usado de forma indevida. Não se trata disso.

O fato é que é um oxigênio que o Governo não contava. No Recife, por exemplo, parte dos R$ 3 bilhões pode ser empregada em obras com perfil definido pelo prefeito Geraldo Júlio , capazes de dar visibilidade à candidatura de João Campos, que o PSB quer eleger a todo custo como projeto político para levar o jovem herdeiro de Eduardo Campos a conquistar os mesmos espaços do pai, seguindo a sua trajetória política e administrativa.

Abrir o capital de uma estatal como a Compesa é legal, um caminho para revigorá-la, desde que os recursos obtidos com a venda das suas ações sejam aplicados nela própria, mas não foi essa a preocupação da direção atual e do Governo do Estado, seu principal acionista. Quem se interessar, no entanto, pela compra, pode não se animar muito sabendo que a empresa não será revigorada, conforme deveria.

Pegada do beco – Foi por isso que o ex-presidente da Compesa, Roberto Tavares, tomou o caminho do beco. Ele defendeu com unhas e dentes o fortalecimento da estatal, através do reinvestimento dos recursos arrecadados na comercialização das ações na Bolsa de Valores. Ao lado dessa motivação técnica-jurídica, teve a política: Tavares trombou com o prefeito Geraldo Júlio, que, a todo custo, fez ingerência política na empresa com a intenção de fortalecer o projeto João Campos no Recife. (Fonte: Blog do Magno Martins)

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