Coluna Fogo Cruzado- por Inaldo Sampaio

PT evitou que o PSB fosse para Ciro e acabou fortalecendo a candidatura de Bolsonaro 

Uma das frases prediletas de Tancredo Neves era “política é destino” e o exemplo se aplicou a ele próprio. Preparou-se a vida inteira para ser presidente da República. Em 1984, como governador de Minas, juntou a oposição (MDB) com uma dissidência do governo (PFL) e se elegeu presidente no colégio eleitoral. Mas morreu antes de assumir porque o destino reservara a cadeira para José Sarney, que era seu vice e representava a dissidência do governo. Ulysses Guimarães foi outra vítima do destino. Comandou a oposição durante a ditadura militar mas quando se candidatou a presidente em 1989 teve 5% dos votos válidos. Já Lula, que deixou Pernambuco aos 12 anos de idade, com destino a São Paulo, inventou de ser candidato após criar o PT e a CUT. Nas três primeiras tentativas levou pau, mas na quarta chegou lá. FHC nunca se preparou para ser presidente. Mas foi levado a ser candidato no embalo do Plano Real e foi eleito e reeleito no primeiro turno. Já Serra e Alckmin se prepararam, após passar pelo governo de São Paulo, porém o destino não os quis. Cada um acumula duas derrotas no currículo. Ciro Gomes foi outro que se preparou, perdeu duas vezes e talvez se elegesse agora em 2018. Mas eis que surge o PT à sua frente, evita a ida do PSB para sua coligação e o deixa cara a cara com a terceira derrota. Desta ação do PT e do PSB brotou com força a candidatura de Jair Bolsonaro, que nunca foi levado a sério como deputado federal, mas está com um pé na Presidência da República. Como diria Tancredo, citando Napoleão, coisa também do destino.

Vai de Bolsonaro

Armando Monteiro (PTB) ficou neutro neste 1º turno da eleição presidencial, mas no 2º terá candidato. Ele próprio antecipou ontem que quer um candidato 100% comprometido com a democracia, que defenda a estabilidade da economia e o controle da inflação, que tenha compromisso com a segurança, valorize a família e seja “patriota”. Nome: Jair Bolsonaro.

Ao pai – Um dos maiores comícios desta campanha foi realizado anteontem em Canhotinho com a presença de uma estrela solitária: o deputado Álvaro Porto (PTB). Ele dedicou o comício ao seu falecido pai, Lourival Barros, que foi duas vezes prefeito do município.

Só isto? – Humberto Costa (PT) deve estar notando que para levar Haddad à Presidência da República o PT precisa de algo mais além do slogan “Lula livre”. Haddad deve ganhar a eleição no Nordeste, mas vai se surpreender com a votação de Bolsonaro nos 9 estados da região.

Elo político – Paulo Câmara conduziu sua campanha dizendo que a aliança do Palácio das Princesas com o Palácio do Planalto seria “fantástico” para Pernambuco, tal qual foi na época de Lula e Eduardo Campos. Mas caso Haddad não vença a eleição, esse discurso perderá força.

Sem problema – Quando o pernambucano Luciano Bivar cedeu o PSL a Bolsonaro para se candidatar a presidente, o partido tinha apenas um deputado federal. Agora deve eleger uns 10. Mas base parlamentar não será problema para o capitão, caso consiga chegar lá. Ele será apoiado pelas bancadas evangélica, da bala e ruralista, totalizando cerca de 300 deputados.

Só cinco – Dos 49 deputados estaduais de Pernambuco, só 5 concorrem a uma vaga na Câmara Federal: Sílvio Costa Filho (PRB), Henrique Queiroz (PR), Odacy Amorim (PT), André Ferreira (PSC) e Ossésio Silva (PRB). Lucas Ramos (PSB) e Eriberto Medeiros (PP) ensaiaram, mas voltaram atrás.

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