Coluna Fogo Cruzado – POR INALDO SAMPAIO

Até agora a maioria da imprensa só enxergou a presença do juiz Sérgio Moro no governo de Jair Bolsonaro sob um ângulo: como é que o magistrado da Lava Jato, um dos brasileiros de maior prestígio no país, aceitou ser ministro da Justiça de um presidente que defende a tortura, que tem como ídolo o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, que é a favor de que a “petralhada” vá para a cadeia ou o exílio e que encara como “terrorismo” as ações do MST e dos Trabalhadores sem teto? De fato, é estranho que isso tenha acontecido, mas é preciso encarar também o “sim” de Moro sob outro prisma. É que a frente do Ministério da Justiça ele pode pôr um freio no presidente da República, impedindo-o de se transformar num ditador tupiniquim. Não dá para imaginar Moro endossando prática de tortura ou enquadrando na Lei de Segurança Nacional João Pedro Stédile e Guilherme Boulos. O próprio Moro já admitiu ter divergências com o presidente eleito e que irá tentar chegar a um meio termo. Se isso não for possível, vai para casa estudar para um novo concurso de juiz.

Noticiário velho e desgastado

Ninguém aguenta mais ver na TV “delações premiadas” em que ex-dirigentes da Odebrecht, “a empresa mais corrupta do Brasil” como diz o ex-prefeito Júlio Lossio (Petrolina), deu dinheiro pelo caixa dois para políticos do MDB. As TVs poderiam procurar no Brasil quem não recebeu dinheiro da Odebrecht. Esses, sim, seriam notícia.

O indicador – O PT deve ter uma secretária no governo Paulo Câmara, mas quem vai indicar o secretário é o senador Humberto Costa. O presidente regional do partido, advogado Bruno Ribeiro, tem boas chances.

O espaço – O PP do deputado Eduardo da Fonte, que elegeu 10 deputados estaduais, terá pelo menos duas secretarias no governo estadual, mas o espaço será menor do que aquele que tem atualmente. Há outras forças políticas para atender.

A explicação – Políticos de vários partidos avaliam que Paulo Câmara não explicou corretamente os motivos pelos quais decidiu extinguir a Delegacia de Combate aos Crimes na Administração e por isso continua recebendo críticas do país inteiro.

O título – O deputado Augusto Coutinho (SD) recebeu ontem o título de cidadão de Petrolândia por relevantes prestados àquele município. O ex-prefeito Lourival Simões, que é eleitor de Sebastião Oliveira (PR), prestigiou a solenidade.

O recital – Jessier Quirino, que além de poeta, escritor e pesquisador da linguagem popular é arquiteto, continua morando em Itabaiana no interior da Paraíba. Esta semana ele foi aplaudidíssimo no TCE onde fez um recital pelos 50 anos da instituição.

O silêncio – Setores da Polícia Civil estranham o silêncio da delegada e deputada estadual eleita, Gleide Ângelo (PSB), sobre a extinção da Decasp, de onde foi desalojada sua colega delegada, nascida no Rio de Janeiro, Patrícia Domingues,

A queda – Não foram apenas os deputados federais de Pernambuco que tiveram votação inferior à do pleito de 2014. Na Paraíba, o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB), filho do senador não reeleito Cássio Cunha Lima, tem 100 mil votos a menos que em 2014.

O mau humor – Se pelo menos fosse bem humorado, o senador Tasso Jereissati (PSDB) tinha chances de substituir o conterrâneo Eunício Oliveira (MDB-CE) na presidência do Congresso. Mas o tucano é tão chato que são poucos os colegas que o aturam.

Este vai – Jair Bolsonaro já garantiu que o senador não reeleito Magno Malta (PR-ES) irá fazer parte do seu governo. Espera-se que não seja num ministério porque o senador pastor não tem nível para isto.

A reforma – Se a maioria dos congressistas tivesse responsabilidade com o país, aprovaria a reforma da previdência enviada ao Congresso pelo presidente Michel Temer. Adiar a aprovação dessa reforma é uma irresponsabilidade.

O atraso – Bolsonaro já deveria ter anunciado há muito tempo o nome do seu futuro ministro das Relações Exteriores. O presidente eleito já disse uma série de bobagens sobre nossa política externa, sendo que muitas delas atrapalharam o nosso comércio exterior.

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