Cenário desolador

Dois mil e dezoito se aproxima e quanto mais perto chegamos das eleições mais dúvida se instala e mais aumenta a incerteza.

O Congresso inerte. E cada vez que propõe mudanças no obsoleto sistema eleitoral mais complica e demonstra a sua incapacidade de cumprir com a função precípua de legislar, criando outro problema que é a judicialização das eleições, pois o poder judiciário não tem a função de legislar e acaba fazendo-o por ineficiência do outro, mas nem sempre forma correta, já que esta não é a sua praia…

Nas ruas multiplicam-se as possibilidades mais bizarras. Todo mundo se arvora a ser cientista político condenando a política e exercendo-a da maneira mais vil e esdrúxula. Candidatos se colocam com soluções simples para problemas complexos, o que demonstra incapacidade ou malícia. Tem candidato talhado pelo que de pior existe na política brasileira, que exerce cargo público, mas nega ser político, embora queira ser presidente. Uma fraude. Outro exalta a tortura, admite fechar o congresso e quer transformar o Brasil num quartel e instituir licença para matar.

Um general de Exercito fala em intervenção militar em total afronta a Constituição e ao regime democrático. Deveria ser punido por isso.

Vê-se, pasmem! No povo apoio a essas declarações criminosas que deveriam ser rechaçadas por esse mesmo povo. Inclusive jovens que, por ignorância ou preguiça, repercutem o absurdo de que no Brasil não houve ditadura nem tortura. Isso é assustador, porque esses jovens deveriam ter conhecimento do que foi o período militar no Brasil, inclusive das falcatruas, pois falam como se não tivesse havido corrupção naquele período. Esses jovens, mais do que os que viveram aqueles anos tenebrosos deveriam deles ter conhecimento para garantir que o Brasil seja sempre uma pátria livre e de seu povo, ao invés de vislumbrar um futuro temeroso às gerações vindouras. Proponho aos que não tiverem preguiça à leitura dos quatro livros do Jornalista Hélio Gaspari (“A Ditadura Envergonhada”, “A Ditadura Escancarada”, “A Ditadura Derrotada” e “A Ditadura Encurralada”).

Antes de defender qualquer político ou partido tem-se que defender a democracia. É isso que está em jogo. Mas o foco está errado. Ninguém faz a autocrítica. Como você vota? Qual o seu critério?

Ora! O descompromisso do cidadão é o que nos leva ao caos. É muito fácil fazer a mera crítica e dizer que a culpa é dos políticos. Não! A culpa é de quem os pôs lá! Enquanto não reavaliarmos nossos atos não haverá possibilidade de correção de rumo.

A solução é uma só. A defesa da democracia pela maior autoridade, o povo! Somente o povo soberanamente poderá decidir e corrigir os rumos da nação. Fora disso não tem conserto. Não tem solução. E não precisamos de heróis. Aliás, como profeticamente disse o poeta Cazuza – “…os heróis morreram de overdose”. Todos.

Diga-se ainda, que não é só nos poderes executivo e legislativo que se precisa de reforma. Noutros cantos também. É preciso mexer na caixa preta do judiciário, por exemplo. O país deve ser passado a limpo e isso inclui tudo. Inclusive o comportamento de cada cidadão. Se cada um fizer a sua parte, chamar para si a responsabilidade e deixar de culpar os outros, muitas vezes pela sua própria omissão, novos horizontes se abrirão, com certeza. Sem chance para a hipocrisia.

Nivaldo Santino é advogado

Último artigo publicado:Síndrome da areia movediça

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