Celebrar o Orgulho LGBTI é um ato político. Hoje, 28 de junho, é comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBT

Em um post que fiz hoje em meu Instagram, enfatizei o real significado da palavra Orgulho neste contexto.

O Stonewall Inn, em setembro de 1969. A placa na janela diz: “Nós, homossexuais, advogamos, com nossa comunidade, a manutenção da conduta pacífica e calma nas ruas do Village—Mattachine.

“Dizer que tenho orgulho no dia de hoje não é impor que sou melhor que os outros, mas sim responder a todos que disseram, durante anos, que eu deveria sentir vergonha de ser quem sou. Não, eu não sinto vergonha. Sou gay, sou feliz e é isso que importa.”

O Orgulho LGBT, esse com ‘o’ maiúsculo, nasce ‘Pride’, em inglês, há 49 anos, na resistência à violência contra a população homossexual e não-binária. Em 28 de junho de 1969, a polícia de Nova York faria mais uma batida no famoso bar gay da cidade, o Stonewall Inn. Mas aquela não seria uma noite qualquer de opressão e mudaria para sempre a história do movimento por direitos LGBT. Gays, lésbicas e travestis que frequentavam o local resistiram e se rebelaram contra a ação policial. A reação deu início a uma série de protestos pelo fim da discriminação com base em orientação sexual e em identidade de gênero que culminaram na primeira marcha do Orgulho, exatamente um ano depois.
Quase 50 anos após Stonewall, muita coisa mudou para a população LGBT no mundo, mas ainda há um longo caminho pela frente. O Grupo Gay da Bahia (GGB) é responsável por um dos levantamentos mais importantes sobre violência contra gays, lésbicas, bissexuais e pessoas trans no Brasil. Há 38 anos o grupo monitora o número de assassinatos e suicídios motivados pela LGBTfobia. A pesquisa mais recente mostrou que um LGBT morreu por causa do preconceito a cada 19 horas no país em 2017. Das 445 pessoas mortas no ano passado, 194 eram gays, 191 eram pessoas trans, 43 eram lésbicas e cinco eram bissexuais.

Trazendo esse contexto a nossa realidade, vivenciando na pele todo preconceito que existe e as imposições feitas pelos padrões heteronormativos, ficamos diante de uma cruel realidade. Ainda de acordo com o Grupo Gay da Bahia, Pernambuco está na 6ª posição no ranking dos estados mais violentos para os LGBTs, com 27 casos de homicídios.

O Stonewall, um bar em parte do prédio onde o Stonewall Inn funcionou um dia. O prédio e as ruas circundantes foram declarados Marco Histórico Nacional.

Contudo, a violência não está apenas nas ruas. Ela está nas escolas, quando há uma falta de preparação dos professores de como abordar o tema, visto que tem uma longa batalha nas leis para que esse assunto seja discutido em sala de aula; a falta de preparação das famílias, que por diversos fatores, maltratam e desprezam seus próprios filhos que em casos extremos de violência psicológica, chegam a cometer suicídio. O Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo.

Já sofri preconceitos de diversas formas, mas ao mesmo tempo que as pessoas me discriminaram, perceberam que a minha Orientação sexual, nada diminui e nem interfere em meu caráter e dignidade. Não só a mim, mas como a todos os LGBTs. Bezerros ainda não tem nenhum projeto específico para esse público e fico no desejo de poder firmar parcerias com pesquisadores, ativistas, dirigentes partidários, gestores públicos, redes, organizações governamentais, comunicadores e empresários para desenvolver projetos de assistência social para essas famílias que estão necessitando de um olhar mais digno e humanitário. Sigo a luta, ainda tímida mas sinalizando que essa pauta tem que ser discutida por todos. Igualdade. Lutemos!

João Inácio dos Santos (João Neto)

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