Dando continuidade a série de entrevistas com personalidades da política local, entrevistaremos neste sábado (07) o advogado e jornalista Edgar Lino Ferreira, 70 anos. Edgar é paulista da cidade de Piquete, casado com a professora e ex-vereadora de Bezerros Rosa Soares, com quem tem duas filhas. Veio a Bezerros no ano 2000, a convite do então pároco de São Sebastião Miguel Ângelo, seu sobrinho. Na época, a tarefa era defender a emissora comunitária Maria FM, que enfrentava dificuldades quanto a sua legalidade. Edgar é uma figura marcante no cenário político e social por defender ações em prol da coletividade. Mesmo elencando inúmeros admiradores, há muitos críticos que tentam desqualificá-lo quando o assunto é Bezerros. E é envolta dessa personalidade ‘polêmica’ que faremos as nossas indagações. Para ver as últimas entrevistas da série, clique aqui. Já foram entrevistados Nivaldo Santino, Josevânio Miranda, Marcone Borba, Mikhail Gorbachiov, Vereador Eugênio do PT e Neguinho de Israel. Leia as entrevistas e forme a sua própria opinião.
1º- BEZERROS HOJE – O Sr. veio a Bezerros para uma missão profissional e acabou firmando laços com o município, onde inclusive chegou a pleitear uma vaga de vereador. Mas como ficou sua história política na sua cidade natal, onde inclusive foi legislador?
EDGAR LINO – Deixei minha cidade natal, após longos e bem vividos dias de minha vida. Fiz tudo que pude por aquela localidade: Fui vaqueiro, tirador de leite, na fazenda de meu saudoso pai. Eram 180 litros tirados todos os dias. Após, caixeiro despachador de compras de gêneros alimentício em um grande armazém da família. Trabalhei em uma padaria de meu irmão e fazíamos pão logo nas primeira horas da madrugada. A entrega era em cestas, nas casas dos fregueses ainda quentinhos. Estudei e me formei professor e lecionei por 6 anos . Meus alunos daquele tempo hoje são avós. Com o apoio popular somente com dinheiros de festas e contruimos a escola do Bairro do Passa Quatro. Linda, grande e bem espaçosa, na proximidade do maior pico do Estado, o Pico dos Marins, com 2 492 m de altitude. A seguir fui taxista para fazer renda e pagar os débitos que restaram da construção da escola. Em seguida trabalhei na capital – na secretaria da fazenda. Retornei a Piquete onde me estabeleci como comerciante, onde aposentei-me. apos 30 anos. Antes porém, estudei e me formei Corretor de Imóveis, cursei jornalismo no Rio de Janeiro, tive como professor os pernambucanos Barbosa Lima Sobrinho e Austregésilo de Ataide, presidente da Academia Brasileira de Letras. Em minha cidade natal fui vereador. Consegui grandes realizações: a fundação do maior clube da cidade, Montanhês Clube, até hoje ativo. Fundei o Clube da Terceira Idade. Fui Rotariano, por 26 anos, onde exerci por quatro vezes a presidência. Fui presidente da Associação Comercial local, por 11 anos consecutivos. Em minha vida naquela cidade acumulei muito cargos de voluntariado e não me arrependo, tendo sido Vicentino por longos anos, na conferencia de São João Bosco. A seguir mudei -me para o nordeste onde até hoje permaneço com proposta decidida de permanecer para educar minhas filhas e tentar dar contribuição em experiencia administrativa municipal para a melhoria da situação de vida dos bezerrenses. Observei que aqui não basta ter prestigio e realizações, pois fui candidato a vereador após ter ocupado a secretaria da agricultura no tempo de Dr. Lucas, tendo dado muito apoio a uma rádio comunitária local em seus piores dias e coordenador na distribuição da verba do projeto bolsa renda, hoje bolsa família, mesmo assim não houve visão popular de que pretendia fazer muito mais pela cidade sendo vereador. Obtive honrados 250 votos. Claro – não me elegi. Porem continuei como se estive sido eleito, isto é, trabalhando em tudo que um vereador deve fazer pela comunidade. Vereando a toda a prova – 24 horas por dia e em todos os dias da semana. É o que gosto de fazer. Penso e acho que nasci para isso. Voluntariado em primeiro lugar. Desejaria que todos os políticos tivessem este espirito pelo bem da cidade.
2º- BEZERROS HOJE- O Sr. foi secretário no governo do ex-prefeito Lucas Cardoso (já falecido), época em que coordenou o Programa Bolsa Renda do Governo Federal. Levou inclusive o nome do programa como referência a sua pessoa quando candidato a vereador, em 2004. Costuma dizer que também influenciou na realização do primeiro São João da Serra Negra. Comente:
EDGAR LINO – No ano de 2 00l, na proximidade de junho, mês de São João, não aceitei que Caruaru fosse o dono do São João regional. Bezerros ficava vazia deste evento. Quando via os bezerrense indo para aquela cidade em lotação me doia na cabeça. Lancei a idéia, para minha mulher – Rosa, Secretaria do Turismo na época, em realizar a nossa festa junina. A maioria dos funcionários daquela entidade foram contra. Claro: Não queriam trabalhar me ajudar a levar adiante a proposta. Porem obtive o aval positivo de Dr. Lucas, de fazer o São João daqui de Bezerros. E hoje temos o famoso “Forró na Roça”. Foi o primeiro realizado na Serra Negra, mesmo tendo políticos contra a idéia. E pelo que parece a iniciativa vingou de vez…Tivemos que trocar toda a fiação dos postes que eram absoletos. Contei com o grande trabalho e apoio de Zé Galo e Bicinha. Embora na época estivéssemos no apagão do ano, adotado pelo governo federal. Por outro lado empreendemos um grande trabalho de concientização nas escolas públicas para o plantio de árvores e chegamos a plantar mais de 400 unidades. Lamentavelmente hoje as vejo serem “Assassinadas pelo incautos, – e geralmente com o apoio e a inércia dos administradores públicos “.
3º- BEZERROS HOJE – Uma cena marcou o início das eleições Municipais de 2004. O Sr. como cerimonialista das convenções do ex-prefeito Maru convidou à mesa o então radialista Givanaldo Vieira ( já falecido), que era militante contrário àquele grupo político. Mesmo sendo altamente criticado, o Sr. achou o episódio muito natural. Por que?
EDGAR LINO – Na época da campanha de eleição de “MARU”, estando na presidência do partido majoritário, mostrei para a coletividade que o ato da escolha dos candidatos no período da manhã, nas convenções municipais era ato é um fato jurídico, isto é um ato cívico que deve ser mostrado ao público. Tendo como exemplo nos jogos de futebol, volei, judô e outros esportes, os contendores se cumprimentam. É puro é Ato de civilidade. E assim pensando convidei tudo mundo, sem distinção de credo político. Tenho a certeza que fiz a coisa certa e foi correto. Guardo as fotos até hoje daquela famosa convenção ocorrida na quadra do RADAR, onde foram coligados diversos partidos e lançamos 64 candidatos vereador. Foi pena que a a maioria dos candidatos achavam que o candidato majoritário deveria bancar toda a campanha e ai o bicho pegou!!!! Muitos eram o mercenários, acostumados com esta prática nociva que infelizmente impera até hoje. Vejam os escândalos que estão em nossa Mídia, nestes últimos tempos. É preciso acabar com este mal costume de nosso povo, porque quase sempre elegem os piores candidatos. Bastam ter apoio financeiro.
4º- BEZERROS HOJE – O Sr. tem acompanhado o processo político eleitoral de Bezerros há quase duas décadas, portanto, já deve ter observado as nuances da política local. A vitória de Marcone Borba sobre Maru em 2004 foi importante ou Sr. acredita que uma vitória do ex-prefeito Maru teria dado mais contribuição para o desenvolvimento de Bezerros?
EDGAR LINO – Aprendi na vida pública que nem sempre o adversário politico é o pior. Por diversas vezes pude notar que meus adversários me surpreenderam com grandes realizações. Na minha cidade o meu adversário de 1977, como vereador, foi eleito prefeito, na gestão seguinte. Não o apoiei. Porem ele realizou muitas e excelentes obras que até hoje estão brilhando no cenário da municipalidade. Passei a apoia-lo com toda a força que dispunha. Hoje a maioria das obras de minha cidade foram realizadas por ele. Aqui em Bezerros, fui adversário de Marconi. Porém ele era uma necessidade popular, e contava com apoio de grande políticos na esfera estadual e federal e por esta razão realizou muitas obras de vulto e não perseguiu ninguém. Fomos adversários, respeitávamos um ao outro. Hoje somos políticos do mesmo lado.
5º- O que diferencia as práticas políticas da nossa região da realidade vivida na sua cidade natal?
EDGAR LINO – Em minha região e minha cidade existe a palavra lealdade. Recebi muito apoio de Maluf, quando governador, para levar benefícios para meu povo. Sempre beneficiando a coletividade de minha cidade natal. Nunca dependi de politica para sobreviver. Em minha vida em Piquete era comerciante bem sucedido no ramo de móveis e presentes. Aliás naquela tempo vereador não percebia salário algum. Pagávamos para ser vereador e trabalhar pelo povo. Foi pena que criaram, após 1 982, uma pequena verba de representação e dai para frente passamos ver o quadro que se apresenta. Tem vereador ganhando e nada fazendo para sua cidade. E em todos as cidades. E alguns chegam ate´ a criar vínculos com o executivo, agregando familiares, amigos, cabos eleitorais em cargos comissionados. Agregam carros e onibus nas prefeituras. É uma autentica bandalheira. É uma pena que não existam, como antigamente, na maioria políticos, aqueles que eram dedicados a causa social e amavam de corpo e alma sua cidade. Raul Gil, quando candidato, com quem trabalhei, embora não tendo sido eleito, federal, muito me ajudou em realizar eventos em prol da Creche Sorriso e outras entidades sociais de filantropia na minha cidade natal.
6º- BEZERROS HOJE- O Sr. costuma observar a correção de postura em momentos solenes, observa detalhes que passam até despercebidos e costuma cobrar agilidade de terceiros nas tarefas que propõe realizar mesmo voluntariamente. Fundou o Rotary de Bezerros e outras associações e procura defender ações em prol do bem coletivo, onde destacamos os apelos para a abertura de rua próximo ao Núcleo de Segurança e o funcionamento da farmácia 24h. Não daria para lutar pelas ações mais que justas sem provocar certos atritos?
EDGAR LINO- Tenho lutado para que determinadas obras sociais que venham a beneficiar a maioria da população. Porem esta minha atitude voluntária causa mal estar em determinados políticos, Vejo, claramente que uma grande parte desses cidadãos e seus cabos eleitorais, torcem para não dar certo e ai fico triste e passo a cobrar destas pessoas mais ação. Por exemplo: luta para que seja instalada a farmácia municipal 24 horas para beneficiar a grande parte da população de baixa renda e que necessita de remédios populares. E não encontro respostas efetiva no titular da área. Vem ocorrendo por várias vezes de a farmácia municipal ficar fechada na sexta, por ser facultativo, no sábado que é dia de folga dos funcionários. Não funciona no domingo, seguinte, que é dia santo, e na segunda que cai em feriado. Portanto chega a ficar cinco dias fechada e dai me arreto a ponto de não dormir. Ai pergunto: Como devo fazer com os titulares do poder? Dar- lhes beijinhos e tapinhas nas costas? Não. Passo a cobrar na base do cacete da forma que possuo. Critico e muito pelo meios de comunicação. Doa em quem doer. Tenho um compromisso com os idosos que em grande parte possui renda baixa e dependem e muito do remédio popular existente na farmácia municipal. Este compromisso a que refiro é porque sou presidente do Conselho Municipal dos Direitos do idosos. Estou lutando novamente para trazer o restaurante popular ” UM REAL” para beneficiar esta camada oprimida da população local. Estamos preparando os papéis para encaminha-los ao Ministério da Assistência Social em Brasilia. Estou também lutando para que seja construida em nossa cidade uma grande casa de acolhimento de idosos abandonados e que se encontram em estado de vulnerabilidade, isto é : ” PASSANDO FOME E MAL NUTRIDOS”. BEZERROS É UMA CIDADE RICA. ESTE QUADRO NÃO PODER CONTINUAR DESTA FORMA. O POVO EM GERAL, DIZ A BOCA PEQUENA, E A GENTE OUVE NO PÉ DO OUVIDO, “NÃO VOU VOTAR EM MAIS NINGUÉM! Dai então passo a dizer a estas pessoas: Escolha os melhores e novos que aparecem. É preciso mudar. Tenham fé. Não vote nos mesmo que sempre lhe dá uns trocados na véspera da eleição, fazendo promessas e depois os abandona. Somem da praça.
7º- BEZERROS HOJE -Como o Sr. analisa a conjuntura política para as eleições 2016. Quem deveria ser candidato a prefeito? Indicaria alguém?
EDGAR LINO – Desejo que apareçam candidatos que tenham autonomia pessoal e visão administrativas e que amem o povo de nossa terra. É preciso identifica-los. Eles existem e ainda não tiveram oportunidade. Não os indico porque pode configurar campanha fora do prazo. Cometeria infração eleitoral. Porém afirmo Eles existem. Está na hora de nossa cidade sair da mesmice e continuar com os mesmos defeitos, sob o comando dos mesmos inexperientes. Ai estão loteamentos mal projetados. Invasões de áreas públicas – as calçadas. Lixos jogados nos rios. Calçadas sem acessibilidade. Cabidões de empregos para pessoa que não entendem de administração pública. Árvores sendo assassinadas pela poda irregular fora de época. Não plantam e cortam as existentes. O pior transito urbano da região, com obras aplicadas fora das normas do Código de Trânsito Brasileiro.
8º- BEZERROS HOJE: Suas considerações finais…
Tenho fé que ainda aparecerá um politico líder, com mente altamente administrativa e de mesma forma, vários outros liderados que irão lutar por uma Bezerros mais próspera. Esta cidade merece muito empenho de seus próprios filhos É PRECISO AMAR E MUITO NOSSA QUERIDA CIDADE.