Até quando vamos viver a superficialidade das coisas?

Existe uma inquietação constante na minha consciência. Percebo que nosso modelo de consumo e existencial seguem para a nossa destruição. A prova? Vejam quantas pessoas estão doentes fisicamente e mentalmente. Poluímos nossas águas, solos e ar de maneira meio que inconsequente ou até inconscientemente. Quando essa educação reveladora e tão libertadora virá? Não, não estou falando de Paulo Freire, contudo, quando vamos sair da “Matrix”?

Olho com tristeza esses diplomas que ainda estão “fresquinhos” da gráfica, onde os ex-universitários mostram com orgulho seus poderes e seus “conhecimentos” impressos num pedaço de papel. Como Eduardo Marinho diz: “o ensino superior deveria ser feito para ser entendido como ensino de responsabilidade social”. Como vamos obter isso com um sistema que valoriza a nota da prova e não o conhecimento? Onde o mais importante, na grande maioria dos casos, é conseguir um papel que prove sua formação, embora o conhecimento de responsabilidade social, ou até mesmo o conhecimento técnico não é relevante. Quer uma prova? 80% dos recém formados em direito não passam na prova da OAB. Apenas 30% dos formados em medicina passam na prova de residência. Isso falando do conhecimento de especialista na área que se formou. O conhecimento empírico fica fora de cogitação em avaliações…

Como vamos gerar essa consciência de responsabilidade social, se nem isso é absorvido nos cursos de Serviço Social? Digo isso na prática altruística. Quem teria obrigação de fazer isso? O estado obviamente, mas ele não faz nem quer fazer. Não vão querer repartir o “pão” que Platão “comeu” quando saiu da caverna, onde foi narrado por Sócrates.

Enquanto a escola continuar empurrando assunto atrás de assunto, tentando provar que essa escola é melhor pela quantidade de capítulos e matérias apresentadas no ano letivo, mesmo que seus alunos não tenham condições biológicas de absorver essa quantidade de conteúdo, a humanidade não rumará para a prosperidade de harmonia entre a: existência humana, sua consciência e a natureza das coisas.

Por que não tiramos da “periferia” matéria que são superficialmente abordadas na escola, tipo: filosofia, ecologia, arte, cidadania e até uma matéria nova: libertação e reconexão dos humanos?

Não somos a nota que tiramos na prova, mas sim a prova que tiramos da vida. Se a construção de um mundo melhor, mais igualitário e conectado com a natureza não for prioridade, então não vale a pena está na universidade e pegar esse diploma, pois mais na frente o mundo será destruído.

Sabe aquela mãe/pai que ao caminhar com seus filhos encontra um mendigo ou até um trabalhador de pouco reconhecimento pela sociedade e diz: “estão vendo? Estudem muito para não ficarem como eles”. Na verdade, a fala dessa mãe/ pai deveria ser: estude muito para ajudar a tirarem eles dessa realidade!

Pergunto: por que deve haver essa disparidade e o prestígio de salário entre um juiz e um zelador de prédio? Alguém poderia simplesmente dizer: “o juiz se esforçou mais e estudou muito”. Tudo bem, mas imaginemos que todo mundo estude o mesmo que um juiz, ainda assim não precisaríamos de alguém para retirar o lixo e limpar o chão?

A questão é: nosso valor, erroneamente, está ligado ao diploma que temos, e não ao conhecimento que adquirimos, mesmo que tenha sido absorvido fora de uma universidade. Nosso respeito está no título que temos, e não no caráter que formamos. Se você discorda, então explica o porquê defecarmos na água que beberemos depois? Por que colocamos veneno na comida que comemos? Por que estamos tão doentes, ao ponto de virar uma epidemia a quantidade de suicidas e doentes mentais? Por que a escola não muda esse sistema?

É comprovado cientificamente que, nosso planeta, não resistirá por muito tempo se continuamos seguindo esse caminho. Melhor dizendo: o planeta até suportará, a humanidade é que não vai suportar.

Irmãos, coragem! Desliguem a televisão! Deixem o celular de lado. Peguem os livros. Discutam as ideias. Voltem a socialização com pessoas e não com redes sociais. E o mais importante: que não sigamos esse sistema desumanizador. Reinventemo-nos!!!

“Pois se as feridas dos nossos irmãos não nos causam dor, então as nossas doenças são mais graves que as deles. ” Autor desconhecido.

Que tal aproveitar o ano novo para uma humanidade nova?

Pierre Pessôa

Aprendendo a aprender.

Por Pierre Pessoa

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