As entrelinhas da pesquisa do carnaval: “Turista é aquele que pernoita pelo menos uma vez no local visitado. Excursionista vai e volta no mesmo dia”

Pelos comentários, creio que algumas pessoas não compreenderam a pesquisa. Vamos a alguns pontos. 1. Ninguém está defendendo ou acusando ninguém, e sim apontando dados cuja coleta foi aplicada da mesma forma para todas as cidades pesquisadas. 2. Há uma diferença técnica entre TURISTA e EXCURSIONISTA. Turista é aquele que pernoita pelo menos uma vez no local visitado. Excursionista vai e volta no mesmo dia. Turistas, portanto, aquecem mais a economia, porque gastam na hospedagem, no deslocamento, pagam ISS embutido no serviço comprado, se alimentam, visitam mais de um local, tendem a trazer acompanhantes, etc. Excursionistas podem vir, aproveitar a visita sem consumir absolutamente nada, ou consumindo muito pouco (podem até trazer o que vão consumir). 3. Bezerros, dentre as cidades pesquisadas, foi a que mais teve excursionistas, e, mesmo assim, em um percentual muito inferior ao de turistas em Garanhuns, que traz uma proposta absolutamente diferente do que a gente vivencia no período (enquanto todos aproveitam carnaval, Garanhuns oferece jazz). 4. Algumas cidades no entorno têm se destacado e, sim, gerado ameaça ao posto de terceiro maior polo carnavalesco de Pernambuco. É bastante oferecer qualquer diferencial que podem sim ‘carregar’ nossos excursionistas e turistas. 5. Nosso diferencial no carnaval é o Papangu, mas, pasmem, não existe papangu só aqui. Se Bezerros não se apropriar culturalmente dessa figura e não desenvolver um trabalho de associação da figura à cidade – inclusive em outras épocas além do carnaval – pode perfeitamente perder o posto de terra do papangu, e não haverá como evitar isso. Em Marketing, o nome técnico disso é ‘ameaça de novos entrantes’. 6. Considerando que, além do papangu, nossa marca maior é a Serra Negra (e essa não pode, obviamente, ser tirada de nós), uma alternativa seria fortalecer a imagem daquele distrito e do que ele traz de bom, para ofertar algo além do papangu em Bezerros, e durante todo o ano. Porém, diferente da cidade, o distrito, claro, possui barreiras estruturais que limitam naturalmente o volume de visitas e geração de receita proveniente de turismo. Enfim, tem muito mais, mas é suficiente para uma boa reflexão.

Por Janaína Pereira

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