“Aprendi que as pessoas amam o “personagem” protetor, mas a grande maioria ignora o ser humano por trás da capa, da asa de anjo, do romantismo que envolve ser um “protetor de animais”

O ativista das causas animais Ricardo Torres, da ONG Amparo Animal, replicou texto sobre a vida dos protetores de animais e chamou a atenção dos seguidores de sua rede social. Vale a pena conferir!

Queria muito desabafar e hoje consegui escrever com clareza. Espero que entendam… sou protetor desde 2013 e esse meu amor pelos animais construiu meu destino. Aprendi muito na vida difícil que tive na infância e aprendi também muito sobre a Causa Animal.
Hoje tenho uma visão bem diferente de quando comecei, minha percepção sobre a Causa evoluiu e as vezes vejo as coisas do meio e é como se eu tivesse bola de cristal. Aprendi que Abrigo não é lugar de bicho e que desejar um sítio para colocar todos os animais do mundo é um sonho que vira pesadelo rapidinho, e hoje temos outras ferramentas para beneficiar os animais de uma forma mais assertiva.
Aprendi que as pessoas amam o “personagem “protetor, mas a grande maioria ignora o ser humano por trás da capa, da asa de anjo, do romantismo que envolve ser um “protetor de animais”.
Aprendi que por mais que eu tenha meu trabalho (como qualquer pessoa) e que me sustente, jamais me concederão o direito de viajar, comprar carro ou até mesmo de comprar uma roupa legal sem que isso gere desconfiança das pessoas, comentários maldosos. Tenho a sensação que protetor não pode sonhar a não ser com ração, vacina, canil, enfim, só com coisa de bicho.
Caso eu ouse ser uma pessoa igual a qualquer outra serei acusado de “estrelismo”, “arrogância” ou até dirão que “algo subiu à minha cabeça”.
E não importa o quanto eu continue dedicando minha vida aos animais, se rolar diversão serei criticado, e sempre será pouco.
Aprendi que as pessoas não saem de sua zona de conforto e quando se doam é com limites, critérios e medidas. Já o “anjo” tem que honrar o personagem no sacrifício para ser considerado bom, honesto e merecedor.
Na verdade, quando vejo alguém iniciando na Causa, tenho vontade de abrir meu caderninho de memórias e ensinar, explicar que Amar Demais deve acontecer com cautela e que ela deve se cuidar para não ser estigmatizada, presa àquilo que idealizaram para ela.
Eu não estou conseguindo mais ficar indiferente a tanta coisa errada e percebo que estou mais intolerante. Sou tão igual a todos que a pandemia está mexendo comigo também e o isolamento forçado me levou a refletir sobre tudo que vivi até agora.
Não, eu ainda não tenho diploma, mas estou cansado de não ser respeitado por isso; quando o assunto é Proteção Animal me sinto qualificado e quero ser ouvido!
Além de tudo o Ricardo cresceu!
Sou fruto de tudo que vi e vivi!
Quero ser visto como uma pessoa comum na vida pessoal e alguém que sabe o que fala quando o assunto é Proteção Animal!
Na vida pessoal sou só mais um que batalha para melhorar de vida com o suor do próprio trabalho e que tem uma missão com os animais que caminha junto.
Talvez eu morra fazendo isso, mas quero ter o direito de viver como qualquer um até lá.
Não quero mais ter que tolerar as coisas que são impostas aos protetores como uma condenação. O que nos move é o Amor, não as correntes!

Quero vida igual a você!
Nós protetores somos iguais a todo mundo, sem asa, sem capa, com sonhos e muita vontade de ser feliz!

Texto estraido do Marcelino protetor.

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