O ex-prefeito de Bezerros, o renomado médico Marcone de Lima Borba, 56 anos, é o nosso entrevistado deste sábado (10) na série de entrevistas com figuras da política local. Dr. Marcone, como é popularmente chamado, responde questões referentes a política no município, suas histórias de campanhas e os altos e baixos do processo eleitoral. Sobre as eleições do ano que vem, indagamos do ex-prefeito sobre as suas pretensões políticas e uma avaliação da atual conjuntura. Ele é instigado a avaliar os governos municipais dos últimos 15 anos. Marcone é o terceiro entrevistado da série que já entrevistou o presidente do PSB de Bezerros, o vereador Nivaldo Santino (ver entrevista aqui), e o ex-secretário de Infraestrutura, Josevânio Miranda (ver entrevista aqui), militante do PSDB de Bezerros.
Assim como as entrevistas anteriores, a conversa com o ex-prefeito também foi solicitada via rede social. Marcone, no entanto, preferiu nos responder enviando as respostas através de áudio, o que, obviamente, prolonga a matéria que precisou ser degravada. A redação informa que disponibilizará em breve o áudio enviado pelo ex-prefeito.
BEZERROSHOJE: O Senhor foi candidato a vice-prefeito em 92, candidato a deputado estadual nos anos de 94, 98, e 2002 e candidato a prefeito em 96, 2000, 2004 e 2008. De todas as disputas, embora sempre com uma votação expressiva, logrou êxito apenas em 2004 para prefeito. Hoje o seu nome figura nos bastidores como a maior liderança eleitoral. No balanço geral, faltou melhores estratégias nas disputas ou a disputa política eleitoral é de certa forma desgastante e frustrante?
MARCONE BORBA- Toda eleição tem sua história, né… em 92 quando nós fomos candidatos a vice era para compor com Dr. Rinaldo para fazer frente. Nós sabíamos que o candidato Amaro Rufino era um candidato fortíssimo. Nós começamos ali a fazer uma oposição firme. Em 94, foi a pedido de Dr. Arraes para sair a deputado para a gente contribuir com a eleição dos nossos deputados e quase ganhamos as eleições. Já ali começamos a ter oito mil votos só em Bezerros. Em 96, o que aconteceu, o candidato Lucas com o apoio de Amaro Rufino era fortíssimo tinha onze vereadores na sua base, inclusive o vereador Jó Alves (que era da oposição) foi ser o vice de Lucas e nós saímos com menos vereadores que as vagas necessárias na chapa. Mesmo assim disputamos as eleições e perdemos com trezentos e poucos votos, muitas pessoas não acreditavam. Em 98 achava-se que a gente poderia ser eleito deputado. Aí o grupo se reuniu e fizemos uma composição com Djalma Paes. Estimava-se que se faria 18 a 19 deputados pelo PSB, com a derrota de Dr. Arraes por mais de um milhão de votos para Jarbas, ficamos em 16º e o partido fez 13 deputados, é bom salientar que dos 13 que foram eleitos, na época, 10 correram para o lado de Jarbas e nós éramos o 3ª suplente, se nós tivéssemos a votação que Dr. Arraes esperava a gente poderia ter sido deputado. Em 2000, aí há uma discussão dentro do grupo, onde apareceu candidatos que queriam ser candidatos contra o candidato Lucas Cardoso a sua reeleição e houve um desgaste muito grande dentro do grupo. Fomos para as ruas todo mundo achando que ganharíamos as eleições e quando se abriu as urnas ao invés de ganharmos, já tínhamos perdido por 300 votos, perdemos por mais de mil votos. Ai é quando vem às eleições de 2002, Samuel já é o prefeito e eu não seria candidato. De última hora Dr. Arraes mais uma vez me convoca e nós tivemos uma votação expressiva em Bezerros, quase 12 mil votos de deputado. 2004 foi a grande vitória nossa (para prefeito), uma eleição bem feita, bem trabalhada com apoio de algumas lideranças e ganhamos a eleições de Amaro Rufino que era uma grande liderança na época, que iniciou as eleições com 61% de intenções e ganhamos as eleições. Em 2008, o que acontece, outra eleição difícil porque os nossos adversários foram buscar a vice do meu lado, que teve um papel importante na eleição nossa, e também levou o candidato a vice do nosso lado, que era o candidato a vereador Carlinhos, que teve mais de 500 votos. Então, foram duas pessoas do nosso lado. O que chama a atenção também é que, naquela época, o que aconteceu na eleição: deixou de ser candidato do nosso lado sete mil votos de vereadores. Dr Rinaldo, Geraldo do ônibus, Dr. Sandro, Marco Pontes, Zé Amaro…Em fim, eram sete mil pessoas de votos de vereadores que deixaram de ser candidatos. Agora o que é importante é que sempre tivemos votação crescente nunca uma votação decrescente… O que temos em Bezerros hoje é a conscientização da população e nós temos esse apoio que a população reconhece o nosso trabalho para a cidade, sempre pautando em defender o que é melhor para Bezerros.
2-BEZERROS HOJE: Sua vitória em 2004 foi construída diante de um cenário favorável para a oposição, que cantava vitória um ano antes? Pode resumir o que aconteceu?
MARCONE BORBA- …É o que aconteceu, como expliquei na pergunta anterior. Na campanha de 2004 houve todo o engajamento na campanha. Em 2004 ganhamos de Amaro Rufino que partiu na frente, tinha mais de 60% e nós 21% e revertemos. A população entendeu que o município queria uma mudança e fizemos um governo de ações que a população esperava a mais de vinte anos. Tivemos a PE que liga Bezerros a Cumaru, foi a questão do saneamento, de água, o canal do salgado, asfaltando a cidade, muito investimento na área social, fizemos muito na saúde… mesmo assim a população não entendia, mas reformamos a Unidade Mista, criamos a Farmácia Popular, o Centro de Especialidade Odontológica, Laboratório do Município, saímos de nove PSF’s para quinze PSF’s; Na educação ganhamos vários prêmios… foi extraordinário o trabalho que nós fizemos, mas quando chegou a eleição o que discutiu a população não foi o discurso administrativo…
2- BEZERROS HOJE – Você perdeu a reeleição com uma administração avaliada positivamente. Dizem que o fator politico foi preponderante. Havia forte rejeição a uma parte de sua equipe e a oposição fez de sua vice sua adversaria. O que realmente, na sua visão, o levou a perder aquele pleito?
MARCONE BORBA- A minha análise da eleição de 2008 é que muitas pessoas do meu grupo achavam que já tinha a eleição na mão, porque administrativamente a gente estava bem, tinha o apoio de mais de 70% da população com a administração. Houve, na minha visão, alguma acomodação de alguns secretários que também não correspondiam com a população. Para você ter ideia, dois dos oitos secretários mal falavam comigo após deixar a prefeitura… eram verdadeiros oportunistas de momento, mas nós não percebemos isso, antes das eleições é difícil. Então tem vários fatores, eu só acho que o maior fator sou eu mesmo, porque fui eu que escolhi a equipe no momento. Os nossos adversários foram muito inteligentes, eles foram para luta, pra a guerra, o candidato deles era o candidato do meu lado, como expliquei anteriormente, que era a minha vice-prefeita, que já tinha um nome na cidade muito forte, durante a campanha nossa fez o nome dela politicamente, levou um vice também do nosso lado e teve os vereadores que deixaram de ser candidatos do nosso lado, como disse a você sobre os mais de sete mil votos de candidatos que não foram mais… Dr. Rinaldo, Marco Pontes, Dr. Sandro, Geraldo do Ônibus, Zé Amaro, em fim, acho que isso foi um dos fatores. E a eleição foi uma coisa partidária e não administrativa, como ganhamos a eleição com dois mil votos os nossos adversários conseguiram reverter isso e ganharam com mil e poucos votos em 2008.
3- BEZERROS HOJE-Uma vez prefeita, sua ex-aliada acionou o jurídico do governo para acioná-lo judicialmente por várias ações. Também houve várias notícias de processos junto à União. Você tem acompanhado esses processos. Qual sua posição sobre tudo isso?
MARCONE BORBA- A ex-prefeita ao invés de se preocupar com a administração dela e dá continuidade as coisas boas que nós tínhamos e deixamos um bom volume de recursos para continuar os asfaltos, canal do Salgado, a ponte, saneamento e tudo, ela preferiu me acionar juridicamente dos quais eu venho ganhando todas… Há poucos dias saiu uma decisão de uma ação que ela teve que pagar as custas advocatícias…tem outra que ela fez e que ganhamos também…e as ações de administrativas estamos respondendo tranquilamente, mostrando que isso é normal. Agora eu fui o prefeito mais investigado em todos os tempos em Bezerros porque todo o dia tinha denúncia… ter de responder que secretário meu seria dono da Queiroz Galvão, dono da Ancar e era todo o dia… um terror. Eram ações para não começar canal do Salgado, para não começar asfalto… Em fim, ao invés de se preocuparem em administrar o município e deixar a justiça buscar as coisas, não. Eles provocavam, mas tudo bem faz parte do jogo e nós estamos respondendo, como estamos todas as ações que possam vim do TCE ou do TCU.
4- BEZERROS HOJE – Em 2012, você fez do seu filho vice-prefeito numa eleição onde o candidato Branquinho uniu diferentes correntes políticas, inclusive forças que nunca militaram com você. Hoje, você é o maior incentivador para que Breno seja o candidato. A conjuntura política atual permitirá a união de todos novamente em torno desse projeto?
MARCONE BORBA- Eu, claro, sou o maior incentivador de Breno, que é o vice, para ser candidato, mas nós vamos ter muitas conversas. Diante mão eu achava que Branquinho deveria manter sua candidatura, mas ele com razões pessoais, até eu tento entender que ele já deu a contribuição dele, que não é fácil ser prefeito de uma cidade feito Bezerros, ele acha e eu concordo que ele deu a contribuição. Se ele quisesse continuar à frente do governo não teria problema. Então Breno vem sendo preparado e é o atual vice. Eu acredito que as lideranças ficarão todas juntas para ter um candidato. Agora tem um porém: o candidato tem que sair da aliança do governador Paulo Câmara, que está dando continuidade ao governo Eduardo Campos do qual nós apoiamos e Breno é do PSB. Acho que o candidato tem que sair do PSB, o prefeito já conversou com o governador, já conversou com os deputados e nós já estamos conversando com as nossas lideranças também, não é impor ninguém, ninguém vai querer impor, agora está sendo discutido o nome. Espero e acho que as maiores lideranças do município vão ficar. Hoje você ver ( claro que em todas as eleições não são as mesmas pessoas) na base do governo e estão conosco tem vereadores que não foram do nosso lado e estão aliados a nós, tem vereadores que podem não ficar e isso é normal, mas eu acho que as lideranças partidárias que se uniram ( que as nossas divergências políticas foram resolvidas), hoje há uma convivência muito boa entre as lideranças dos grupos e, claro, que isso não deixa de ter conversa. Política é conversa, política é entendimento não é imposição, ninguém está em ditadura para dizer “o candidato é fulano”, então nós vamos discutir os nomes e Breno tem essa vantagem, e se o prefeito achar que ele dever ser candidato, eu também acho que Breno tem condições… O governador agora mesmo no São João já perguntou a Breno se ele estava disposto ir, se estava se prepar… claro que.., mas nós vamos ir junto as lideranças discutir isso, claro, que não é nada imposto é discutir…é natural também que tenha outras candidaturas até para se discutir isso…
5- BEZERROS HOJE – O prefeito Branquinho tem dito desde sempre que Breno é o candidato natural à sucessão dele e que não disputa a reeleição, mas a afirmativa não é suficiente para por fim a especulação sobre a possibilidade de ele vir a ser candidato. Qual o seu ponto de vista sobre isso?
MARCONE BORBA- Meu caro amigo, em política é discussão é entendimento entre as diferenças. É natural que no momento em que o prefeito diga que é candidato, tem pessoas, claro, que gostariam que o prefeito continuasse porque são muito mais ligadas ao prefeito, como tem pessoas que querem outras candidaturas, é natural. Isso em eleição eu vejo como natural o surgimento de nomes, isso não que dizer que fulano surge hoje para ser candidato no grupo e amanhã tem que ser contra. De jeito nenhum. O nosso campo é o mesmo, claro, nós sabemos quem são do nosso campo. Quem sair do campo vai ser adversário do nosso campo. Então a discussão tem que ser no grupo e deve ser discutido, analisado. É salutar aparecer que outros nomes que venham a surgir, até do próprio prefeito, não há problema nenhum, registro com muita naturalidade, só que o prefeito vem reiteradamente dizendo que não é candidato e é natural que surjam essas conversas e isso não vai acabar nunca, sempre vai existir o debate, porque a política é feito do debate, das discussões das diferenças…
6- BEZERROS HOJE- Você descartaria a possibilidade de vir a ser candidato ou, dependendo o cenário, toparia ir novamente à disputa?
MARCONE BORBA- Venho reiteradamente dizendo que o meu candidato dentro do PSB seria Breno, isso não quer dizer que nunca deixo de ser candidato. No momento, a visão nossa é que o melhor candidato que vejo é Breno, mas eu não tenho o interesse de dizer que sou candidato. Política, como dizia Magalhães Pinto, é feito uma nuvem, você olha está de uma maneira com cinco minutos muda. Eu não sei o dia de amanhã, de repente possa acontecer algum fato, alguma coisa e ai vai dizer “Marcone dizia que não seria candidato e de repente é candidato…não! No momento, o trabalho está sendo feito dentro do grupo, é a discussão de alguns nomes e estamos discutido justamente qual a melhor opção para ir representar o nosso grupo.
7- BEZERROSHOJE -Você acredita que o pleito vindouro será de muitas candidaturas ou tende a ser polarizada? Como ver a movimentação das pré-candidaturas?
MARCONE BORBA- Eu acredito que tenha várias candidaturas, não é. Até porque dentro da oposição, na última eleição tivemos dois candidatos… três candidatos. Nessa, a se fala na oposição em três, entre eles. E é bom para o município que tenha candidatos que acha que tem condições, até porque fica melhor, mais democrático a discussão de cada um. Então acho que pode existir mais de três candidaturas, pode existir tranquilamente três candidaturas não vejo como ter a polarização, até porque cada um tem seus interesses justos, legais, direitos e que defendem as bandeiras deles. …Vejo isso com muita tranquilidade e acredito que teremos quatro candidaturas, eu não vejo muitas pessoas da oposição se unir. Se for será uma surpresa para mim.
8- BEZERROS HOJE – É possível fazer uma avaliação dos governos que passaram por Bezerros nos últimos 15 anos?
MARCONE BORBA -Nos últimos 15 anos nós tivemos a administração de Lucas, vejo Lucas como um administrado visionário, um cara que tinha uma visão ampla, ele tinha uma visão futurista. Raciocinou Serra Negra e hoje é um sucesso, o governo do Estado criou o dia do papangu no domingo e Lucas incorporou, hoje também é um sucesso, entre outras ações, então Lucas pensou no Parque Industrial, então era um político largo de visão futurista. Samuel fez uma administração depois dele, quase três anos, e o que sentir de Samuel é que ele começou a transformar o município falando as coisas mais legalistas, você ver que o funcionário… Samuel fez o concurso e vejo que ele teve um papel importante na organização do município também. Nós tivemos depois a minha candidatura e que acho que fomos um tocador de obras, todas as ações que o município sonhou feito a estrada que liga Bezerros a Ameixa, a água – imagina hoje se nós não tivéssemos feito a adutora de Jucazinho, e reclamavam tanto que a água não prestava, água ruim é quando não tem água – , deixamos dinheiro para fazer a adutora nova de Brejão, começamos o saneamento do município, fizemos o canal do Salgado, começamos a asfaltar a cidade, demos uma dinâmica maior a saúde, então vejo a minha gestão como tocador de obras e pensando em trazer as ações para Bezerros. Veio à administração da prefeita Bete, que acho que foi frustrante, em vez dela dá continuidade a tudo isso não deixou marca nenhuma, aliás, deixou a marca que nem é bom comentar que foi todo aquele dissabores de problemas de Polícia Federal que infelizmente aconteceram. Acho que administração de Bete ela marcou pela frustração que todo mundo esperava, que o grupo que a elegeu esperava dela e, infelizmente, não tem uma marca. Branquinho hoje tem uma marca, recuperando o município, o município se destacando no cenário pernambucano e o nosso novo parque industrial, você vai ver hoje que a nossa expectativa é essa saída, a indústria para geração de emprego, que é o que o nosso município precisa. Está aí as indústrias se estabelecendo e outras chegando, infelizmente a gente não pode está anunciando porque pode se anunciar e não sair. A marca do seu governo será então a da empregabilidade. E não pode deixar de falar de Amaro Rufino que administrou o município. Porque vai se falar nos últimos 15 anos, mas foi um prefeito marcante no município que se destacou pela popularidade, junto a população mais carente, em fim… é a marca que eu vejo: Lucas um prefeito futurista pensando no futuro, Samuel um cara legalista organizando o município, eu me vejo como tocador de obras, a prefeita, infelizmente não tem uma marca é tanto que ela teve 17 mil votos e caiu para 7 mil, mostra que a população frustrou e a de Branquinho que se destaca pela Empregabilidade.
9-BEZERROS HOJE – Suas considerações finais.
MARCONE BORBA- Só tenho a agradecer mais uma oportunidade de está aqui e dizer que quando nós falamos de política, costumo dizer assim: eu não sou o dono da verdade, isso é uma visão minha. Me desculpem algumas pessoas que discordem. Aceito, o contraditório é salutar. Quando era prefeito que tinha alguma crítica dizia que a crítica boa era um instrumento de trabalho, então eu também tenho essa visão eu tenho o meu pensamento político, sei que nem todo mundo concorda e isso é natural, o contraditório. Agradecer mais essa discussão política que é importante para o município, porque as pessoas que querem bem ao município devem trabalhar pelo município independente de terem mandato ou não, como estamos trabalhando. E deixar um grande abraços para vocês.