Tradicional Festa de São Sebastião em Sapucarana

Eu lembro quando se passava o ano e chegava o mês de dezembro ficava pensando na festa de fevereiro. Muito pequeno e nem conhecia algum tipo de festa, apenas a de minha comunidade – Sapucarana. Sem dinheiro para gastar nos parques, lanchar, tomar um refrigerante, comprar uma roupa nova na Sulanca para ir à missa eu me esforçava e apanhava tomate nas férias e capava castanha nos sítios. Via meus amigos falarem de férias e eu nunca soube o que era isso, pois tinha que ir pra tomate pra comprar a roupa de usar o ano todo. Só comprava roupa de ano em ano se trabalhasse na tomate. Foi assim até terminar meu ensino médio. Chegava a festa e eu cortava o cabelo. Ficava na rua me achando o total, ou seja, pensando que eu era o máximo olhando para os pés vendo a nova sandália que havia comprado na Sulanca com aquele dinheiro que ganhara na tomate. Era fantástico como eu era feliz. Enfim, começava as festividades, a banda tocava e eram as únicas bandas que eu assistia na vida. Era o máximo. Sem preço tudo aquilo. Chegava o dia da procissão que ocorria pelas ruas de Sapucarana. Minha vó dizendo que ia pagar promessa me puxava pelos braços e dizia que a roupa nova da festa era pra ser vestida a tarde. Ela se aprontava e ia descalço pelas ruas, pois dizia que estava pagando promessa e quando não colocava uma pedra na cabeça de quebra. Segurava-me pelos braços e eu tinha que ir e gostava de ir porque estava com a roupa nova. O parque lindo, batatinha assando, muita maçã do amor e a barraca do tiro era local preferido até mesmo dos adultos. Tudo sensacional. Era lindo de se ver os girandolas na noite da missa. Achava o máximo, pois quando acabava a missa o povo corria para ver a banda tocar. Eu ficava boquiaberta. Hoje nossa comunidade parece inóspita, só que não. Dá tristeza só de lembrar disso tudo e misturado com a saudade as lágrimas rolam ao lembrar que um dia Sapucarana já foi palco das melhores festas que esse povo pudesse ter. As ruas lotavam, a rua nova ficava repleta de tantos carros, além da rua principal. Chegava em Sapucarana familiares, até familiares meus, vindos de São Paulo, pessoas que viam visitar seus amigos e parentes que deixaram aqui no passado. Tudo isso vai se acabando e o que era tradição vira banquete para muitos tirarem proveito. A decisão de um ou mesmo quatro pessoas hoje é vista como soberana e esmagadora em detrimento do restante da nossa comunidade”.

Jefferson Davi

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