Sobre a inventada “ausência” de Cultura

Certamente você já deve ter ouvido alguém falar que “Fulano não tem cultura” ou “qual a cultura que aquela música transmite?”. Pois bem, como bem aculturados que fomos, pelos portugueses, imigrantes, e os seus respectivos valores, acabamos caindo no grande erro de querermos julgar a cultura alheia a partir da nossa.
Na sociologia, chamamos esta prática de etnocentrismo- quando alguém julga ser sua cultura superior em detrimento de outra. Porém, tudo e todos somos expressões culturais. Do ouvinte da MPB ao Funk carioca existe cultura permeando da criação da letra até a forma de se portar socialmente. Os valores estão imbricados nos vários contextos e nas construções e relações sociais.
Para o morador da periferia, o rap, o funk, o technobrega, por exemplo, transmitem cenas do seu cotidiano, suas lutas, revoltas, desejos, estilo de vida. Por outro lado, aqueles que  não se identificam com tais gostos musicais, reconhecem seus valores a partir de outros vieses. Mas isso não o Faz melhor nem pior do que o primeiro. Ambos têm cultura e sob este aspecto são iguais e se devem respeito.
O conceito oposto ao de etnocentrismo é o chamado relativismo cultural, ou seja, se cada um tem sua forma de se expressar culturalmente cabe a parte alheia relativizar ou não pré- julgar como certo ou errado. Apenas respeitar.
Adotar práticas como a do relativismo cultural nos faz ser mais tolerantes e nos ensina novos conceitos e perspectivas (para quem se permite a). Apesar dos exemplos seres musicais isso se estende a toda e qualquer forma de expressão cultural.
Mais relativismo!
Mais cultura!
E menos preconceito!

Mikhail Gorbachiov é Cientista Social pela UFPE

Último artigo publicado:Você samba de que lado….De que lado você samba?

Entre em contato com Mikhail Gorbachiov pelo WhatSapp (81) 99428-4091

Share