POLÍTICOS FAZENDO POLITICAGEM COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA

 

A carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo, e, contraditoriamente, os serviços públicos prestados pela administração pública estão entre os piores do mundo.

Além disso, os entes da Administração Pública (União, Distrito Federal, Estados e Municípios) estão tecnicamente quebrados e falidos, sem dinheiro sequer para prover condignamente os serviços públicos considerados essenciais.

O caos da administração pública brasileira tem origem e nome: se chama politicagem com o dinheiro público adicionado com os ingredientes da incompetência, ineficiência, irresponsabilidade e corrupção quase que generalizada.

Um cenário caótico desse tipo na administração privada, onde a empresa tem dono, os administradores seriam sumariamente demitidos, responsabilizados e punidos. Na administração pública, quase sempre não o são.

A administração pública, que deveria ser modelo e servir de exemplo, porém faz exatamente o contrário: dá um péssimo exemplo para a população brasileira.

Sem dinheiro e sem recursos, a administração pública federal (re)começa a “vender” aquilo que foi duramente adquirido, formado e construído com o dinheiro do povo brasileiro.

É um dos recursos utilizados por quem administrou mal e está em estado pré-falimentar: vender o patrimônio que ardorosamente conseguiu construir.

Anuncia-se, assim, dentre outras, a privatização da Eletrobras, que é a maior estatal do setor elétrico, a maior empresa e energia elétrica da América Latina, que produz um terço de toda a energia consumida no Brasil.

À vista disso, o Jornal do Commercio de ontem (25.08.17) trouxe como matéria de capa a seguinte manchete: “Herança da Eletrobras tem dívida de R$ 46,2 bilhões”.

Diz, também, que “Ainda aparecem nos informes da estatal contingências que podem gerar despesas de R$ 64 bilhões, sendo R$ 51,2 bilhões de questões cíveis, R$ 9,1 bilhões referentes a assuntos tributários e R$ 4,2 bilhões de passivos trabalhistas”.

Segundo Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, “A dívida da estatal é gigantesca, praticamente impagável no formato que ela tem hoje”.

Conforme se vê, trata-se de mais uma empresa estatal que está no fundo do poço e que vai ser privatizada por incompetência e politicagem grotesca e irresponsável da administração pública.

De acordo com Carlos Ari Sundfeld, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público, “A Eletrobras é uma das empresas com mais politicagem no Brasil. Ela possui uma massa interna de funcionários, relacionados de alguma forma com partidos políticos, que irá resistir a essa privatização”.

O novo presidente da estatal, Ferreira Júnior, havia iniciado há um ano um programa de reestruturação da empresa, objetivando a redução de 23.000 para 12.000 empregados.

Segundo o aludido presidente, na estatal há cerca de 40% de funcionários completamente inúteis, que “… não serve pra nada, ganhando uma gratificação, um telefone, uma vaga de garagem, um secretária”.

E complementou: “Vocês me perdoem. A sociedade não pode pagar por vagabundo”. Fonte: Revista VEJA, edição 2545 – ano 50 – nº 35, de 30.08.2017, página 73.

Com o anúncio da privatização, os papéis da estatal subiram quase que 50% num único dia: o valor da empresa passou de R$ 20 bilhões para R$ 29 bilhões.

Isso demonstra claramente o total descrédito do investidor brasileiro e internacional na gestão da coisa pública.

Até quando vamos ficar apenas olhando todo esse descalabro administrativo e sucateamento dos bens e do patrimônio público?

Qual o caminho, então? Mudar os agentes públicos?

Fala-se em mudar, sim, não votando na classe política que atualmente exerce mandato eleitoral e que pelo menos esteja envolvida num ou noutro escândalo de corrupção financeira.

Porém, como mudar se boa parte da população brasileira ainda idolatra vários políticos comprovadamente desonestos, delatados e denunciados criminalmente – e até condenados judicialmente?

Como mudar se boa parte da população ainda vota em político que lhe dá cinquenta reais no dia da eleição ou lhe promete emprego ou qualquer outra benesse durante o seu mandato?

Nesse diapasão, se não houver uma drástica e urgente mudança de conscientização e comportamento, quase nenhuma pessoa com razoável

“discernimento” se aventurará a salvar o pouco do que ainda resta, mesmo sabendo-se que isso é necessário, imperioso e preciso para o bem de todos.

Palavra de ordem do dia é: conscientização.

Paulo Alves da Silva é Advogado

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