O DESCREDITO DAS INSTITUIÇÕES OU BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A COVARDIA POLÍTICA

fd7bf113-9fe6-48e9-af0f-5fe38fa59f08Com a deflagração do que se convencionou chamar de “crise política” nós, os eleitores, ficamos atônitos diante dos desmandos que recebemos nas mais variadas horas do dia , através dos jornais televisivos. “Improbidade”, “corrupção” e “imoralidade” se tornaram palavras do nosso cotidiano que , por mais das vezes, chega a soar como o doce clamor de “Nossa Mãe Gentil”. Essa não é a vocação da nossa pátria amada!
Percebo que vivemos um estado de torpor, de letargia que tem levado muitos a abstenção eleitoral ou a apregoar a lenda urbana do voto nulo. Sei bem que os discursos políticos são repetitivos assim como aqueles candidatos que propagam os jargões, também bastante puídos. Mas, o nosso corpo político deve ser animado pelo espirito da constituinte de 1988, que promulgou originariamente a rotatividade do poder de maneira periódica, isto é, um giro administrativo que ventila nossa jovem democracia constantemente ameaçada.
Não é estranho ouvirmos expressões do tipo: “essa ponte é do prefeito Fulano; ou aquela ambulância foi o prefeito Cicrano que deu, dentre outras…” Isso são pontas dos velhos cabrestos eleitorais que suportamos por tanto tempo, resquícios do coronelismo torpe do nosso norte/nordeste. A coisa pública facilmente se mistura, ou melhor, se personaliza na figura do administrador. Serviços básicos de utilidade pública são tidos como dádivas. Calçar ruas, construir escolas, ou mesmo administrar o repasse de verbas da União passou a ser um regalo eleitoreiro. Isso é obrigação básica do chefe do executivo.
Um grande psicanalista húngaro chamado Lipot Szondi teve sua vida interrompida quando preso com sua família em um campo de concentração. Sua história é belíssima, mas vou me ater a uma de suas máximas, que bem irá resumir sua atitude ante o sofrimento: “O Homem, deve ter coragem para ser bom, quando tudo a sua volta o induz a ser mau.”
Por constatação digo que somos mutantes. A natureza expressa esse anseio ontológico nas quatro estações dos doze meses anuais. Maquiavel afirmou, certa vez que “a política é a arte de namorar homens”. Oras, acrescento eu, o casamento é um contrato. Se damos nosso assentimento a uma determinada proposta e ela não é cumprida, romperemos. Diferentemente do que se espera de uma relação monogâmica o processo democrático implica em diversidade de escolhas ou rotatividades de administração. Apregoar o contrário é defender uma “democracia hereditária”, também muito comum, onde as salas do executivo mais parecem salas de jantar familiar com as fotos dos entes queridos: Avô, pai, filho e neto todos “nobres” representantes de um executivo municipal.
Votemos e cobremos dos candidatos que se apresentam em nossa política bezerrense. A “Nossa Mãe Gentil” só nos cobra o não fugir da luta. Pusilanimidade não é ato político, é pequenez para com um grande país.

Noel Neder Borba -Professor

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