Mulheres em Pauta

Não é a falta de trabalho que ocasiona a violência contra as mulheres. É o patriarcado e o machismo enraizados!

Michelle Silvestre – Mulheres em Pauta.

Imaginem um problema social gritante como é o caso da violência contra as mulheres ser justificado. Você acha que existe justificativa para violência? Pois bem, o homem que está governando essa nação externou esses dias a seguinte afirmação: “Tem mulher apanhando em casa. Por que isso? Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão”.
Parece simples, mas não é. Destino de morte para as mulheres e o não julgamento dos agressores, que até ganharam uma nova justificativa. Gente isso é muito sério, usar um dado real, para contar mentira e diminuir o agravamento da violência contra as mulheres no Brasil. É como se a origem das brigas entre os casais fosse apenas dificuldades por alimento, e vocês não fazem ideia do quanto uma simples frase reproduz práticas que revitimizam as mulheres, pior de tudo sendo fortalecidas por um governo que já deixou claro que não mete a colher. É assombroso.
Recentemente compartilhamos, que o isolamento social para evitar a propagação do coronavírus poderia levar a um aumento significativo do número de casos de agressões de mulheres, como já previam alguns movimentos feministas e organizações internacionais a exemplo da ONU – Organização das Nações Unidas, e no decorrer dos dias esses dados foram se confirmando. O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos registrou um crescimento no número de ligações do Ligue 180, o disque denúncia nacional, e países como a China e os Estados Unidos também confirmaram aumento nas denúncias.
Isso quer dizer que o fim do isolamento social seja a solução para o problema? De forma nenhuma, muito pelo contrário. Não é a falta de pão, nem falta de renda, nem falta de trabalho que acarreta a violência contra as mulheres. Mas as relações de poder enraizadas no patriarcado e o machismo, elementos históricos que fazem com que muitas mulheres que vivem num ambiente (com ou sem coronavírus) enfrentem o medo e o sofrimento das violências dentro de sua própria casa, porque este é o local onde elas são atacadas.
O contexto atual é muito claro, o Brasil é o 5° país no mundo que mais mata mulheres vítimas de violência doméstica, quando essas não cumprem com os seus papéis sociais de gênero definidos culturalmente pela sociedade. A realidade nos mostra que no combate a pandemia onde o isolamento é a principal forma de enfrentá-la, significa que, como órgão de Estado, o governo brasileiro precisa criar estratégias de enfrentamento a violência, seja na efetividade de políticas públicas que atendam essas vítimas, seja aumentando e qualificando os canais de denúncia ou nas redes de atendimento às mulheres.
No momento o que mais as mulheres precisam é de apoio, pois estão distantes de suas redes de proteção. Seja um mulher que fortalece outras mulheres. Empatia também passa por orientar, compartilhar, e serem solidárias umas com as outras. Portanto se você encontra-se ou conhece alguma mulher em situação de violência não se cale.
Seguem números de atendimento:

  • Ligue 180, o Disque Denúncia;
  • Ouvidoria da Mulher de PE – 0800 081 8187;
  • Delegacia de Bezerros – 81 3728-6671/6672/6673 e 6674;
  • Equipe Técnica da Coordenadoria da Mulher – 81 99457-7862, 81 9939-8049 e 81 99656-1259.
    Por fim algumas estratégias para escapar da violência doméstica.
  • Evite discutir na cozinha (há objetos pontiagudos que podem virar arma) ou no quarto (a porta pode ser trancada e a mulher fica presa);
  • Se houver um início de discussão buque ambientes mais abertos;
  • Deixe a porta de casa aberta e pegue a chave;
  • Combine com vizinhas, amigas, sinais de que está sendo vítima. Você pode bater panelas, bater na parede ou mesmo gritar e pedir socorro;
  • Deixe roupas na casa de uma pessoa de confiança para o caso de uma emergência de você precisar fugir.
    Espero ter contribuído, o momento é difícil, mas caminhamos na certeza de que JUNTAS sempre seremos mais fortes. COMPARTILHA! Você pode estar salvando uma vida.

Michelle Silvestre – Mulheres em Pauta.

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