Há sempre uma tentativa de nos silenciar

Uma das situações mais angustiantes na vida de nós mulheres, são as tentativas de silenciamentos tão presentes em nosso cotidiano. Nas mais variadas situações, sempre existem pensamentos que nos lembram da importância em impedir que a força do patriarcado , não nos cale, não nos vença, e muito menos nos impeça de ocupar espaços pelos quais sonhamos, desejamos e lutamos.
O silenciamento, a que me refiro, é o que paralisa nossas existências e nos destina apenas lugares escolhidos e subalternos. Nós mulheres, fomos ensinadas sempre a calar, a não saber dizer não, não incomodar, a falar baixo ou falar o que a sociedade espera de “uma mulher”.
No entanto na grande maioria das vezes precisamos gritar para sermos ouvidas ou termos nossa essência reconhecida. Mulheres que desobedecem essas regras, são chamadas de loucas, por não aceitarem uma vida oprimida, e são vistas como perigo para quem oprime. E aí nós crescemos acreditando que mulher boa é quieta, pois fazer barulho desestabiliza as estruturas do patriarcado.
Quando nossas vozes são silenciadas, também é silenciada nossa existência, quando comandadas pelas vontades do outro. Não se entregar as tentativas de silêncio, torna-se fundamental para que possamos conhecer a mulher que existe dentro de nós.
Nos espaços que somos instigadas a nos calar, é importante refletir se as pessoas que tentam isso merecem caminhar ao nosso lado. Nos diminuem e não reconhecem nossas grandezas. Quantas vezes, ao lutar contra injustiças, escutamos conselhos como “deixa para lá”, “pare de criar caso”, “tenha mais senso de humor”, “calma mulher”.
Romper silêncios não é fácil, mas muitas mulheres fortes já nos mostraram o quanto é necessário. Dá medo, e quem se acha no poder sabe punir mulheres que ousaram falar.
Esse é um grande prazer masculino: apagar as vidas de mulheres cujas luzes os desafiam. Djamila Ribeiro.
Que a grandeza dos desafios não nos desanime, em qualquer espaço nossa luta será por nós mulheres, até que todas sejamos livres de todas as formas de opressões.


Michelle Silvestre – Mulheres em Pauta.

Share