Fogo Cruzado- Por Inaldo Sampaio

Não exercer o mandato de deputado federal, em Brasília, desgastará João Campos 

Até ontem à noite, o governador Paulo Câmara não tinha feito convite ao deputado federal eleito, João Campos, para fazer parte de sua equipe. Se não o fizer é melhor para ambos. É bom para o governador, que se livra de uma sombra que não poderia demitir. E bom também para João Campos que estará livre para trabalhar no local em que seus eleitores gostariam de vê-lo: a Câmara Federal. Ser secretário de estado nada acrescentará ao seu currículo, independente da pasta que eventualmente viesse a ocupar. Mas não exercer seu mandato em Brasília pode desgastá-lo politicamente. Aliás, já é hora de o PSB entrar em campo para dizer ao jovem deputado que ele não é um político qualquer. Está estreando na vida pública como herdeiro do espólio do pai, Eduardo Campos, o que significa dizer que sua responsabilidade é grande perante o partido e o povo pernambucano. Sua presença no secretariado poderia até ser positivo para Paulo Câmara, que não dispõe de muitas opções para montar o primeiro escalão. Mas para João Campos seria um péssimo negócio porque a vaga de secretário não lhe dará a mesma visibilidade que a Câmara lhe garante, ainda mais sendo bisneto de Miguel Arraes, filho de Eduardo Campos e o deputado mais votado do PSB, no Brasil, além de um dos mais jovens. O jogo, pois, já começou e o deputado só não vence a partida se não quiser.

Quem é ele???

Durante sua última passagem pelo DF para assistir à posse da avó, Ana Arraes, na vice-presidência do TCU e a inscrição do nome do bisavô, Miguel Arraes, no livro dos “Heróis da Pátria”, João Campos (PSB) atraiu a atenção de muita gente. Uns queriam conhecer o bisneto de Arraes, estreante na política, outros o filho de Eduardo Campos. E todos o acharam simpático.

O nível – Paulo Câmara tem a chance de fazer um segundo governo melhor que o primeiro se escolher secretários de bom nível. Os atuais, com raras exceções, não foi ele que escolheu e sim os partidos que indicaram. Disto resultaram secretários que o governador sequer conhecia.

A troca – O governador tem dito a amigos que desta vez o secretariado será “técnico”, o que não significa que não terá políticos. Mas para dar uma “chacoalhada” no governo, ele deveria recrutar nomes na sociedade civil, nos meios acadêmicos e nos movimentos sociais. Repetir os mesmos será um erro.

E nós? – Raul Henry (MDB) aproveitou uma viagem ao DF para conversar com o deputado Osmar Terra, futuro ministro de Bolsonaro. Ele externou sua preocupação com o fato de o presidente eleito ter “esquecido” o Nordeste, deixando a região ausente do seu ministério.

O desgaste – Há anos o STF não sofria um desgaste tão grande como o de anteontem após o ministro Marco Aurélio decidir, por liminar, que réus condenados em 2ª instância deveriam ser soltos. A liminar foi cassada pelo presidente Dias Toffoli, mas o desgaste continua.

A Cultura – Lula teve a coragem de botar Gilberto Gil no Ministério da Cultura e o ex-governador da PB, Ricardo Coutinho (PSB), de convidar o cantor Chico César para a pasta similar. Pernambuco tem artistas batendo um no outro, mas nenhum deles, até hoje, foi lembrado para esta pasta, que hoje é controlada pelo PCdoB.

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