Fogo Cruzado – Por Inaldo Sampaio

PT reuniu sua executiva para avaliar o resultado do pleito e culpou os poderosos por sua derrota

O Brasil nunca teve tradição de eleições ideológicas, salvo talvez na de Jânio contra o marechal Lott em 1960. Ali ficou claro direita de um lado e esquerda do outro. De lá para cá, isso não mais. Não foi ideológica a campanha de Collor contra Lula em 1989, tampouco as de FHC contra o PT em 1994 e 1998, nem as de Lula e Dilma contra o PSDB nas quatro eleições seguintes. Não se discutiu projeto de país nessas eleições, mas apenas projeto de poder. E foi o que funcionou. Nesta de 2018 foi diferente. O candidato Bolsonaro se apresentou desde a primeira hora como candidato conservador, defensor do governo militar de 64 e representante das forças de direita, que nas eleições anteriores não tiveram coragem de mostrar a cara. Ganhou espetacularmente a eleição com 57 milhões de votos, surpreendendo a um só tempo os seus apoiados e as esquerdas da qual se vingou. O PT, principal partido de esquerda do país, reuniu-se em Brasília nos últimos dois dias para avaliar o resultado do pleito. Discutiu à exaustão o sexo dos anjos, debitou a derrota de Fernando Haddad aos “poderosos” e disse que Bolsonaro representará no governo o que há de mais “atrasado” no país. Ora, se a maioria dos eleitores optou por esse caminho, que se há fazer? Fosse mais pragmático, mais inteligente e mais humilde, o PT diria simplesmente o seguinte: “Perdemos a eleição porque tivemos menos votos do que o nosso adversário, mas vamos trabalhar para tentar ganhar na próxima”.

Marca da inoperância

Pegou mal para o Dnocs, que tem escritório no Recife e sua direção geral no Ceará, o relatório do TCU apontando-o como um dos “órgãos mais vulneráveis” à corrupção. Para quem tem 109 anos de existência, foi um vexame e tanto. Aliás, os serviços que o Dnocs presta a Pernambuco são modestos. Há mais de 10 anos iniciou uma barragem em Ingazeira, e ainda não a concluiu.

Quebrou como? – Há menos de três meses, o Estado de Pernambuco foi apresentado na Folha de São Paulo como um dos cinco mais equilibrados do país sob ponto de vista fiscal. Agora, aparece noutra lista de cinco que não iriam pagar o 13% em dia. Será que quebrou em 90 dias?

Raposa do Sol – Ao contrário do que dizem seus adversários, nem tudo que Bolsonaro diz tem a marca da insensatez. A promessa de não demarcar mais terras indígenas, como se fez em Roraima, por exemplo, onde os índios se tornaram donos de 70% das terras do Estado, é sensata.

Guerra 1 – Para atrair investimentos para Pernambuco, nossos últimos governadores entraram pesado na “guerra fiscal”, oferecendo todo tipo de incentivo aos investidores. Soube-se agora, porém, através do TCU, que ninguém sabe ao certo o “custo-benefício” desses incentivos.

Guerra 2 – Apenas em 2017, rolaram país afora cerca de 350 bilhões de incentivos fiscais. Pernambuco entrou nessa “guerra” para atrair a Fiat/Jeep e outros investimentos. Elevou seu PIB e diminuiu sua taxa de desemprego, mas, em compensação, receita de ICMS não existe.

Sai pra lá – A partir de amanhã, o futuro ministro Onyz Lorenzoni (Casa Civil) vai levar as bancadas dos partidos na Câmara Federal para um encontro com Bolsonaro. Se for chamado, o PSB já disse que irá. Quem não quer ver o presidente eleito nem pintado de ouro é o PCdoB, o PT e o PSOL.

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