Fogo Cruzado – por Inaldo Sampaio

Paulo Câmara não deve esperar ajuda de Bolsonaro para resolver problemas de Pernambuco

Governadores eleitos ou reeleitos pleiteiam uma nova reunião em Brasília com o presidente Jair Bolsonaro, antes da posse, em busca de ajuda para os seus estados. Outra perda de tempo monumental. Não se pode cobrar e muito menos esperar nada do presidente eleito, em curto prazo, porque ele sequer sabe como irá encontrar as contas públicas. A lógica e o bom senso recomendam que o ministro Paulo Guedes deve assumir primeiro o comando da economia junto que os ex “Chicago Boys”, que recrutou no mercado e na academia, para depois saber o que pode ser feito com as dívidas estaduais (só Minas deve 90 bilhões à União). Em princípio, não há solução à vista porque essas dívidas foram renegociadas no governo Dilma e continuou tudo na estaca zero. E o presidente da República, logicamente, dará prioridade ao ajuste fiscal da União, e não ao dos estados e municípios. Impressiona, todavia, o grau de amadorismo como os novos governadores tratam essa questão, entre eles João Doria (eleito em São Paulo) e Camilo Santana (reeleito no Ceará), que teriam sido os proponentes das reuniões anteriores. Salvo raras exceções, os governadores parecem perdidos, no mato sem cachorro, à caça indo por um lado e eles por outro. Oxalá Paulo Câmara não entre nessa e se dê conta rapidamente de que não deve esperar ajuda da União para resolver problemas de Pernambuco, pelo menos em curto prazo.

Dinheiro curto

Diferentemente de 2014, as promessas de campanha de Paulo Câmara em 2018 foram genéricas e isso lhe dá flexibilidade para admitir que o Estado mantém certos programas que não cabem mais no seu orçamento. Um deles é o FEM, que está em atraso há quatro quatros. Por que não extinguir logo esse programa em vez de ficar prometendo recursos que não tem de onde tirar?

O porta voz – Em conversa recente com um amigo de Pernambuco, Bolsonaro reafirmou seu propósito de governar sem porta-voz. Seria algo novo na história do país. No regime militar, todos os presidentes tiveram porta-vozes. O de Costa e Silva foi o jornalista Carlos Chagas.

Fica a PF – Diversos governadores eleitos, entre eles João Doria (SP) e Wilson Witzel (RJ), escolheram generais para a Secretaria de Segurança. Em Pernambuco, a segurança continua sob comando de um policial federal desde o governo de Jarbas Vasconcelos e deve continuar assim.

A escassez – Os futuros secretários do governo Paulo Câmara já estão cientes de que irão administrar a escassez. A prioridade não é a construção de novas obras e sim concluir as atuais. As mais urgentes são as obras hídricas, que dependem da boa vontade do governo federal.

Sem dívidas – s regras eleitorais da campanha deste ano contribuíram efetivamente para torná-las mais baratas. Até agora, é pequena a “chiadeira” de prefeitos em relação a deputados estaduais e federais com os quais celebraram acordos. No geral, todos receberam o acordado.

Discurso fácil – Sílvio Costa Filho (PRB), líder da oposição na Alepe, acha que o governo deveria extinguir secretarias e cargos comissionados, para economizar gastos, em vez de aumentar impostos. Tipo do discurso fácil. Ainda que todos os cargos comissionados fossem extintos, isso representaria uma economia de 2%.

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