FOGO CRUZADO – POR INALDO SAMPAIO

José Paulo Cavalcanti Filho foi secretário geral do Ministério da Justiça no governo Sarney

O advogado José Paulo Cavalcanti Filho foi proibido de estudar Direito em Pernambuco durante a ditadura militar devido às atividades políticas que exercia como líder estudantil. Nem por isso deu o braço a torcer aos golpistas. Foi estudar em Harvard, mas voltou a tempo de concluir o curso no Recife. Aos 35 anos, já advogado famoso, foi convidado pelo então futuro ministro da Justiça, Fernando Lyra, para ser o secretário-geral da pasta, que teria entre suas atribuições sepultar o “entulho autoritário”. Quis o destino, contou o advogado ao programa “Roda Vida Pernambuco”, na última terça-feira, que o desfile de 7 de setembro de 1985, em Brasília, ao lado do então presidente José Sarney e de outras autoridades, tenha lhe dado a chance de acertar as contas que tinha com os militares. Convenceu-se de que o Brasil retornara à democracia e de que os “anos de chumbo” eram coisa do passado. Tempos depois foi nomeado por Dilma Rousseff para a Comissão Nacional da Memória e da Verdade, cuja finalidade era apurar os casos de violação aos direitos humanos durante o regime de exceção. Aos colegas da Comissão disse ter a impressão de que ela investigaria a “guerra suja” dos dois lados, ou seja, quem torturou e quem foi torturado. Mas depois se convenceu de que a história dos vencedores já tinha sido contada porque a versão deles jamais foi submetida a qualquer tipo de censura. Era preciso contar agora a história dos vencidos, e isto a Comissão fez com equilíbrio e isenção, garante. Por isso não liga para versões de aliados de Bolsonaro de que a Comissão foi muito mais “da mentira” do que “da verdade”. Afirma que no regime democrático cada um tem o direito constitucional de expressar o que pensa, embora reconheça também que deve ter perdido alguns amigos por não ter votado no PT nas últimas eleições. No entanto, inclui também nesta contabilidade a decepção que teve com o partido, após votar nele várias vezes, por ter-se transformado num antro de corrupção. E vai tocando a vida alegre e feliz, como “quase biógrafo” do poeta português Fernando Pessoa.

Ligação com o Sudeste

Apesar de o Aeroporto Internacional dos Guararapes ter entrado na lista dos que poderão ser privatizados, isso não está tendo interferência na expansão de sua malha viária. A partir de fevereiro do próximo ano, a capital pernambucana terá vôo direto para Vitória (ES), interligando-se com todas as capitas da região Sudeste. A rota será operada pela Azul.

Recurso – O Ministério Público Federal decidiu recorrer ao STJ contra decisão do TRF da 5ª Região de liberar a construção de imóveis na área do Cais José Estelita. A área é, sabidamente, uma das mais degradadas do Recife, mas, segundo o MPF, falta ainda a licença do IPHAN.

O adeus – Por meio de nota, a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), lamentou ontem a morte do empresário Ivan Nunes, que tinha negócios em Agrestina e outros municípios da região. O empresário era pai do atual prefeito de Agrestina, Thiago Nunes, filiado ao MDB.

Também quero – Serviu de nada a reunião de governadores eleitos em Brasília, ontem, com o presidente eleito Jair Bolsonaro, para discutir a crise fiscal dos estados. Bolsonaro resumiu em poucas palavras o significado da reunião: “Se eles querem dinheiro, eu quero também”.

Menos médicos – O fim do programa “Mais médicos”, pelo menos com profissionais cubanos, terá implicações na assistência básica em dezenas de municípios pernambucanos. Em vários deles há médicos cubanos que não custam nada às prefeituras, salvo hospedagem e alimentação.

Crise ética – Catende está sem sorte com seus prefeitos. O anterior, Otacílio Cordeiro (PSB), foi afastado do cargo por corrupção. E contra o atual, Josibias Cavalcanti (PDT), que é promotor aposentado, pesa a acusação de não ter prestado contas de R$ 8.120.471,60 que recebeu adicionalmente do Fundef. O prefeito tem 90 anos e não estaria mais dando as cartas na prefeitura. O vice Fausto da Farmácia está na expectativa de assumir.

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