ESSA POLÍTICA QUE NOS SEPARA POR CORES

Qual é a cor que define o caráter de uma pessoa? Será que existe uma cor que define o quanto uma pessoa é talentosa, amiga, humana, competente e  profissional? Seria as cores responsáveis pela união e amizade entre as pessoas? E as eleições? E a política partidária? Por que algo que era para ser bom acaba tantas vezes interferindo negativamente nas relações humanas?É impressionante que em pleno século 21 em meio a tanta modernidade, tanta informação e tanto conhecimento ainda haja pessoas que estejam separadas por uma cor. É inadmissível e revoltante que amizades estejam distanciadas ou sejam afetadas por causa de uma legenda partidária, por causa de uma bandeira, e consequentemente sinalizadas por uma cor. É impressionante que a política nos dias de hoje, embora o período eleitoral nem tenha começado ainda, já separe pessoas, distancie amizades, provoque conflitos e o afastamento de relações que foram construídas através do tempo, de amizades que foram edificadas pela vivência, pela partilha, pela história de confiança, de afeto, e sobretudo de respeito. É inaceitável que em pleno ano de 2020, e por se tratar de um período eleitoral em nosso país, onde iremos às urnas exercer o nosso direito e dever de escolhermos nossos representantes para o poder executivo e legislativo municipal, ainda haja pessoas que sejam julgadas, apontadas, subestimadas, hostilizadas e injustiçadas por causa da opinião política que elas tem, em virtude da bandeira que defendem, da cor que ilustra seu partido, ou simplesmente só por votar em uma determinada pessoa, mesmo não se envolvendo em movimentos políticos ou em campanhas eleitorais. É um absurdo que diante de uma sociedade que se diz moderna coloque-se em dúvida o profissionalismo e o caráter das pessoas apenas pela escolha eleitoral que elas fazem, ou até mesmo só porque elas trabalham ou convivem com determinadas pessoas ligadas a determinados grupos políticos. E é mediante esse contexto repugnante que se faz necessária uma reflexão sobre o valor das pessoas, sobre a importância das amizades construídas, dos laços edificados, do profissionalismo conquistado, e o quanto é crucial respeitar a opinião alheia, respeitar as bandeiras defendidas e as cores exaltadas. É necessário não nos anularmos, não nos sujeitarmos a certos critérios ou imposições de grupos, partidos ou pessoas que queiram interferir em nossos relacionamentos, opiniões e escolhas, ferindo o nosso direito a liberdade de expressão e manifestação do pensamento que é assegurado pelo artigo 5° da constituição federal. Temos que nos impor para que aqueles que querem politicamente o nosso respeito possam nos respeitar também. Não podemos nos permitir sermos manobras dos interesses políticos que não nos interessamos em defender, não podemos esquecermos ou nos distanciarmos de nossas pessoas, de nossos amigos, e de nossas conquistas, pois logo logo a eleição termina, a política das cores partidárias passa, os inimigos políticos tornam-se aliados, e fica com a gente apenas quem realmente faz parte da nossa vida e da nossa história. Por isso não calemos nosso grito de liberdade, a liberdade de escolhermos, de demonstrarmos nossos afetos, nossos valores, de decidirmos se seremos vermelho, amarelo, azul, verde ou laranja, ou se não vestiremos nenhuma dessas cores. Ninguém, absolutamente ninguém torna-se menos capaz, menos inteligente, menos competente, menos profissional ou diminui seu valor e caráter por causa da escolha eleitoral que faça. Mas se ainda assim continuar existindo pessoas que se distanciam uma das outras, que torçam o rosto, que mudem de calçada, ou finjam não ver uma certa pessoa só porque ela não veste a mesma cor partidária, então é lamentável, pois a culpa para tal postura não é da cor, do partido, ou mesmo do candidato e grupo político que ela faz parte, essa postura   é simplesmente fraqueza do próprio caráter de tais pessoas que agem assim. E por isso é necessário muita atenção e cautela nesse cenário que já se prepara para a euforia das eleições, pois comportamentos desprezíveis como esses muitas vezes acabam prejudicando o próprio grupo ou candidato, por parecer ser uma postura adotada por todos. Estamos em um ano eleitoral isso é fato, mas independente das cores, das bandeiras, partidos e legendas, é indispensável o respeito entre as pessoas, pois essa é a bandeira mais importante a ser defendida por candidatos e eleitores: o respeito.

Mariana Helena de Jesus (Comunicóloga / Escritora/ Bacharel em Comunicação Social e Habilitação em Publicidade e Propaganda).

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