EMPATIA TAMBÉM É NÃO JULGAR OUTRAS MULHERES

As mulheres em situação de violência, geralmente, são julgadas por manterem os relacionamentos em que são agredidas. Após pedidos de perdão e promessas de mudanças (fase conhecida como “lua de mel” dentro do ciclo de violência), muitas mulheres passam a criar esperanças de melhoras na relação.
A violência não costuma cessar, mesmo com a relação é rompida, elas continuam sendo aterrorizadas e perseguidas. Quem acha que é fácil sair de situações como essas, com certeza nunca sentiu na pele. Para muitas mulheres morrer é lucro, devido ao sofrimento que vivem cotidianamente. Chegam a desacreditar delas mesmas, quando já não há mais nem familiares, nem amigos e amigas, nem política pública que ofertem apoio.
Acreditamos, na força e na fala das mulheres como exemplos para as outras. Para aquelas que conseguiram sair da situação de violência e sentem-se à vontade em compartilhar suas histórias, façam. As dores unidas e as histórias partilhadas propiciam reflexões e encorajamento para aquelas que por algum motivo, ainda vivem relações violentas. O fortalecimento da coletividade e o trabalho em grupos reflexivos é condição de mudança e transformação social para todas as mulheres.
Praticar empatia também passa por não julgar outras mulheres. Não é papel nosso julga-las, os sofrimentos de cada uma por vezes são invisíveis aos nossos olhos. Quer contribuir de alguma forma? Pensem em saídas e possibilidades juntas, o que mais essas mulheres precisam é de apoio para quebrar o ciclo de violência.
Estamos vivendo um tempo em que o isolamento social para aquelas que não residem com o agressor é um refúgio, o medo de morrer é maior que o medo do coronavírus. Para as que residem com os agressores, a situação é bem mais complicada, pois ficar em casa aumenta sua vulnerabilidade e é um risco para suas vidas. Não podemos fingir que a violência contra as mulheres não está acontecendo, mesmo quando são invisíveis.
Pensando nessas mulheres e tentando contribuir de alguma forma, deixaremos aqui sugestões de como ajudar mulheres que possa estar em risco durante a quarentena. Se você conhece uma mulher que já tem um histórico de violência ou que sinaliza que pode estar em risco na convivência com o companheiro, ex-companheiro ou familiar, ofereça ajuda. Porém, é importante fazer isso de maneira cuidadosa para não se colocar em risco.
Vamos as dicas?
• Fiquem alertas a todos os sinais de violência, então o que custa se tu tens uma vizinha, amiga ou até familiares que tu sabes que sofre ou já sofreu esse é o momento de ficar alerta e colocar em prática a nossa sororidade.
Se mantenha próxima dela e faça contatos frequentes para saber como está;
• Não critique, nem force uma atitude imediata. Isso pode fazer com que ela silencie, então se mostre disponível para contribuir caso ela precisa;
• Só ofereça sua casa se você puder garantir que vai ser uma opção segura para ela;
• Caso ela vá para sua casa, não divulgue essa informação, para que o(a) agressor(a) não possa colocar você e sua família em risco;
• Procure os serviços disponíveis de acolhimento as mulheres existentes na sua cidade, pois esses fazem o atendimento especializado;
• Estabeleça códigos de emergência, sinais, gestos, palavras, objetos na janela que alertem para situações de crise;
• Escutou grito suspeito, notou hematoma visíveis na sua vizinha, é hora de ajudar o Ligue 180 garante o anonimato.
A última dica reforça a principal reflexão desse texto, não julgar as outras mulheres, existem muitas razões para uma mulher não conseguir romper uma relação de violência: DEVE-SE ENTENDÊ-LA, SEM SEGURANÇA E APOIO ISSO É MUITO DIFÍCIL.
Nunca é tarde para fazer nossa força se manifestar nas redes de solidariedade, com capacidade propositiva podendo gerar uma onda irresistível de mobilização feminina, que começa agora, e não terminará com fim do isolamento social, pelo contrário continuará mais forte.


Michelle Silvestre – Mulheres em Pauta.

Share