Bezerros serviu como “boi de piranha”, diz jornalista Magno Martins sobre lokdown

O Blog do Magno traz matéria vexatória para o município, que teria servido de pretexto para perseguição política do governador Paulo Câmara à prefeita de Caruaru Raquel Lyra.

Golpe mortal em Caruaru

Na véspera da mais tradicional festa cultural, econômica e social de Caruaru, o São João, mesmo comemorada este ano de forma simbólica pelas redes sociais, o governador Paulo Câmara (PSB) deu um presente de grego à cidade: decretou estado de lockdown por tempo indeterminado, frustrando a população, notadamente os industriais, comerciantes e demais segmentos que fazem a economia do município girar, já fortemente prejudicada pela pandemia do coronavírus.

O Governo alega que Caruaru perdeu o controle da situação, com crescimento exagerado dos casos da Covid-19, mas o que se ouve nos bastidores é que, para não passar a ideia de perseguição política, tendo em vista que a prefeita Raquel Lyra, do PSDB, despacha do outro lado do balcão partidário dos que estão sob o mando do Estado, incluiu a cidade de Bezerros como espécie de boi de piranha. O engraçado é que Caruaru tem três deputados aliados ao Governo – José Queiroz (PDT), Tony Gel (MDB) e Erick Lessa (PP) – mas nenhum deles contestou.

A prefeita ainda chegou a dar uma nota da sua insatisfação, mas informando que acataria. A população achou sua postura fraca. Esperava que seguisse o exemplo do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), o primeiro a reabrir o comércio e todos os setores da atividade produtiva por decreto municipal, sem autorização do Estado. A radicalização do isolamento social em Caruaru por parte do Governo Paulo Câmara irritou sobretudo quando existem municípios com curva da Covid-19 também em crescimento.

É o caso, por exemplo, de Serra Talhada, na liderança dos casos no Sertão do Pajeú, com 401 contaminados e nove óbitos. Até ontem, Caruaru registrava 1.695 casos, com 112 óbitos, mas não se pode comparar em termos populacionais com a cidade sertaneja. Além disso, a capital do Agreste compreende um entorno de mais de 30 municípios que dependem do seu sistema de saúde pública.

Quanto à reação da prefeita, afirmou que a decisão do governador foi tomada de forma unilateral e preocupante, já que Caruaru não é isolada das cidades vizinhas, que compreendem, juntas, cerca de dois milhões de habitantes. Disse que participou de três reuniões com o Governo do Estado e mesmo assim não entendeu os critérios adotados para a reabertura de setores da economia sem levar em conta o contexto da região.

Nota da Prefeitura – Em nota, Raquel informou que, assim como tem feito até o momento, continuará seguindo os Decretos do Governo do Estado. “Ao longo do período de pandemia, o município tem tomado diversas medidas para enfrentar a propagação da Covid-19. Contudo, por não se tratar de uma cidade isolada e ter conexões com vários outros municípios, existe uma movimentação de pessoas entre toda a região, que compreende cerca de 2 milhões de habitantes. A Prefeitura reforça que vem trabalhando nos protocolos de segurança para a reabertura do comércio local. Na última semana, a gestão municipal encaminhou um ofício solicitando uma reunião com o Governo do Estado. Contudo, após este diálogo, o Governo de Pernambuco decidiu, de forma unilateral, retroceder nas estratégias do plano de reabertura no município, tratando Caruaru de forma isolada, sem levar em conta o contexto da região.

O silêncio – Pelo tom da sua nota, a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, deu a entender que não foi ouvida pelo governador para tomada da sua decisão radical. “É importante reforçar que a Prefeitura de Caruaru continuará, como sempre fez durante todo esse período, cuidando da população. Diante da decisão do Governo do Estado, a Prefeitura de Caruaru esclarece que não entende os critérios que estão sendo seguidos para tal decisão, mas continuará acatando o decreto”, disse a tucana. Na verdade, provavelmente por ser do campo da oposição, a prefeita foi ignorada. Mais grave ainda, neste caso que revoltou não apenas Caruaru, mas todo o Agreste, está sendo o silêncio dos deputados José Queiroz, Tony Gel e Erick Lessa.

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