Ainda sobre a Copa…

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Vital Belarmino Pontual é jornalista e autor do livro “Escobar Júnior e a cobertura da VEJA aos atentados de 11 de setembro de 2001

Chegou-se, enfim, ao final do Campeonato Mundial. Venceu a equipe da Alemanha com muito mérito, isso é indiscutível, embora a Argentina tenha tido aquilo que faltou ao Brasil: raça e amor à camisa. Tudo correu bem fora de campo, exceto dentro dele para os brasileiros como já sabemos. É sempre bom lembrar e nunca esquecer da humilhação que sofremos.

Talvez esse doloroso vexame sirva de alerta para começar a se pensar na próxima que deverá realizar-se na Rússia. Quando escrevo, leio em um desses nossos jornais, que Felipão e sua comissão técnica pediram para sair. Que se vão e nunca mais voltem. Eles com certeza não deixarão saudades. É bem provável que Parreira retorne como comentarista da tevê do oba-oba e do nacionalismo exacerbado e cafona. Felipão, bom, esse já não tem mais a amizade do “Narrador-Mor” Galvão Bueno.

Vale deixar aqui registrado a maneira com a qual a maior parte dos nossos jornais tratou da vitória alemã um dia após a final. Boa parte da nossa imprensa não tem nenhum pejo em espinafrar a Argentina, sentindo-se jubilosa com a derrota de “los hermanos”. Era como se dissesse: “a gente não conseguiu, mas também vocês não levaram”. Isso mostra bem como os sabujos do jornalismo brasileiro se comportam diante dos acontecimentos.

Acho que de todos os jornais diários, foi a Folha de Pernambuco que se superou em sua chamada de capa. Quem a leu na segunda-feira, lá estava escrito com letras garrafais: “Valeu, Alemanha!” Tem-se a certeza de que ali naquele jornal todos eram alemães desde pequeninos. Como eles conseguem ser cafonas e cara de pau! E o pior é que a mídia brasileira propaga por aí afora que faz jornalismo com isenção. Claro que não somos tolos a ponto de acreditar em isenção pura no fazer jornalístico. Isso é uma quimera ou um delírio, mas agindo assim já se está desviando o avião de rota.

Tenho a impressão de que na CPF nada mudará. Afinal, sai Marin e entra Del Nero. Pensamento de um é cabeça do outro. Assim será também na organização do futebol. Não se pode esperar grande coisa daqui em diante, embora seria por demais interessante haver mudanças urgentíssimas. A reforma do futebol no Brasil esbarra em interesses de seus dirigentes e nos de uma emissora de televisão que há muito dita as regras do jogo, sem deixar aqui de responsabilizar os clubes, também cúmplices das negociatas que praticam.

A Globo não está preocupada em servir o esporte e sim se servir dele. Alguém nesse governo teria coragem de intervir no futebol, contrariando a tevê dos Marinhos? Pago dobrado se isso acontecer. O PT fala fino com a Vênus Platinada, porque dela tem medo.

Agora é esperar que nossos bebês-chorões se restabeleçam dessa derrota vexatória e voltem aos gramados novamente. Até porque o que temos é isso aí, nada melhor do que isso. Talvez na próximo copa não levaremos o Loro José, Luciano Huck e nem o Jornal Nacional para o local de treinamento. Longe desse povo, a seleção ficará menos carregada e os jogadores se tornarão menos Narciso.

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