“A internet brasileira “quebrou” hoje com a notícia da suposta delação premiada de Delcídio do Amaral”

JANIANADigo “suposta” porque ainda cabe sua homologação antes de ser formalmente acatada.

O fato de ser suposta por este aspecto inclusive já serviu de argumento de defesa para a corrente pró-governo atual, como se fosse falsa ou não fosse acontecer. Numa coisa eu concordo: estão utilizando banalmente “delações premiadas” a versão jurídica das mesmas, os chamados “acordos de leniência” como um dia já foram utilizadas “medidas provisórias” para governar.
Acontece que até o momento, à exceção de Roberto Jefferson, nunca uma delação premiada foi tão comentada. Por quê? É “só” uma delação. Se é “só” uma delação premiada, utilizada com o pretexto único de garantir a soltura de Delcídio, sem fundo nenhum de verdade, como argumentam, por que a preocupação?
Noveleira alienada da Globo que sou, fiz uma analogia com a novela Regra do Jogo (se bem que até isso é perigoso, pois daqui a pouco vão dizer que foi a Globo articulou toda a história política nefasta que estamos vivendo em nosso país só para poder fazer sucesso na novela!!! rsrsrs). Reconheço alguns personagens.
1. “Dante” Moro, o representante da justiça (não Justiça), cujo propósito é encontrar o Pai da facção, que, provavelmente ele já sabe quem é, está apenas recolhendo provas e, num esforço hercúleo, tentar torná-las suficientes (não disse que o Pai é Lula, antes que comecem os comentários chatos);
2. “Zé Maria” do Amaral, o preso delator, que até o capítulo de ontem estava com receio de colocar a boca no mundo temendo pela segurança da filha (aliás, as filhas de Delcídio também quebraram a net um dia desses…). porém Zé Maria do Amaral continua um ser de caráter duvidoso, assim como Roberto Jefferson, pois os motivos que ele utilizará para a delação não são tao nobres assim.
3. “Romero Rômulo” Cunha, um verdadeiro artífice da estratégia (sequer foi encontrado para ser intimado hoje!). Conseguiu até casar com Toia (no fim eu explico quem é Toia), se bem que sabemos todos que foi por um interesse bem particular. Esse é um verdadeiro camaleão, adotando a forma e a cor (inclusive político-partidária) que lhe convir, exatamente como se espera de qualquer bom peemedebista coerente.
4. “XXXX” Guibson, o Pai da facção, posando de bom moço. Aquele que a gente descobre desde o começo da novela quem é verdadeiramente e passamos a ter raiva dos personagens porque é tao óbvio pra a gente e para eles não! Alguém arrisca dizer o nome?
5. E Toia é o povo, que é constantemente ludibriado porque insiste em acreditar em salvadores da pátria. De vez em quando, Toia tem um ataque de desespero por justiça, mas sempre na ótica dela, faz um ou outro levante, briga com os seus, mas continua passando procurações em nome de alguém que não conhece ou não procurou conhecer. Perdeu patrimônio, foi chantageada (na vida real, com a retirada de direitos sociais, por exemplo). Em tempo: passaremos outra procuração em outubro, desta vez por biometria. Vamos ver se não erramos!
A arte imitou a vida, neste caso e até aqui, já que a novela ainda não acabou e episódios finais são terrenos férteis para reviravoltas. Mas seria interessante que a vida imitasse a arte, pelo menos de vez em quando.
Só pra concluir, medo mesmo eu tenho é de Atena. Quem será a Atena da vida real?
PS: Pode começar me chamando de coxinha, noveleira alienada, manipulada pela Globo, zumbi da direita… Tô acostumada.
O fato é que, para serem emocionantes, as novelas possuem uma dinâmica própria, como qualquer história: primeiro chega-se ao fundo do poço, quando, então, toma-se impulso para voltar à superfície. Os desafios políticos e econômicos que estamos vivendo são esse fundo do poço. Resta-nos traçar as estratégias mais adequadas e assertivas para fazer deles mola propulsora e sair da má situação. Como Nação, temos aprendido isso a duras penas, a cada dia e faz muito tempo. Mas acredito verdadeiramente que saímos sempre mais fortes, e prontos para os novos desafios que pessoas imprudentes e gananciosas nos impõem tão criativamente.
Janaína Pereira
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