8 de Março – Mais um dia de Luta! Apenas homenagens não diminuem nossas dores cotidianas


O dia 08 de março se remete às memórias e debates referentes ao dia Internacional da Mulher por causa de um episódio histórico. Nesse mesmo dia em 1911 as funcionárias de uma fábrica da Triangle Shirtwaist Company em Nova York, nos Estados Unidos, entraram em greve reivindicando melhores condições de trabalho. Elas pediam uma jornada de trabalho menor (de 16 para 10 horas diárias), que seus salários fossem iguais aos dos homens e melhor tratamento no ambiente de trabalho.
É importante lembrar que, para além deste acontecimento, os movimentos feministas já vinham promovendo datas internacionais de debate sobre os direitos das mulheres e já lutavam por direitos e existe um enorme significado de conquistas e também controvérsias. Porém, o que gostaríamos de chamar atenção aqui é que hoje é considerado um dia festivo e capitalista em que variados espaços insistem em “presentar” mulheres com presentes, homenagens, flores, poemas.
Será que tudo isso tem mesmo haver com o verdadeiro sentido do dia 8 de março? Mesmo sabendo que a luta pela justiça social é constante e não se dá em apenas um dia do ano, este mês é conhecido como “mês das mulheres”, a mídia inicia o intenso fluxo dedicado a mensagens e propagandas relacionadas às ofertas “imperdíveis” em comemoração a esta data.
Caras leitoras e caros leitores me respondam, do que adianta dia 8 de março, receber flores e dizer que mulheres são incríveis e maravilhosas, se quando levantamos a nossa voz e não abaixamos as nossas cabeça, somos oprimidas? Quantas mulheres foram silenciadas para que o sistema patriarcal e a misoginia continuasse a existir e se perpetuar cruelmente, até nos nossos lares, locais que supostamente estaríamos mais seguras.
Todos os dias nós mulheres, batalhamos por algo que nos foi negado, que nos foi roubado e que precisamos conquistar. A luta de mulheres, não se ausenta no conjunto de manifestações dessa época, mas devem aproveitam a oportunidade para revelar, fortalecer e discutir nossas pautas, não esquecendo a trajetória histórica de todas que vieram antes de nós e as que estão arduamente em busca de melhores condições de vida.
Não entendam como críticas contra o carinho dedicado (seja nesta ou em qualquer outra data), não pretendo julgar mulheres que gostam de flores, da cor rosa, de chocolates, de um jantar, mas, precisamos lembrar que somos mais que isso e essa data não é só para isso. O nosso maior presente de fato, é que nos reconheçam em nossas lutas e, que somem a elas, cotidianamente, a autocrítica em sua postura, qualificando a nossa presença como mulher na sociedade.
Vivemos outros tempos, tempos sombrios, precisamos nos fortalecer juntas todos os dias. Construir nosso autoconhecimento e crença com nosso interior, constituídos na coletividade e participação popular das mais diversas mulheres que costuram esperanças. Quantas mais terão que morrer? Até quando teremos que sofrer por lutar por um mundo menos desigual?
Pois bem, finalizamos este texto, e quando escrevo “finalizamos” é porque externo não só a minha voz, mas, a voz de muitas mulheres que pensam como eu e se sentem aqui representadas, sinalizando a necessidade de se revisitar conceitos, lembrar que já se foi o tempo, em que comemorávamos e pautávamos o tema “mulher” em apenas em um dia do ano, com cartazes, faixas ou recebendo uma rosa na porta dos comércios.
Vamos mudar isso? Vamos reunir mulheres magníficas pra compartilhar nossas vivências, sempre seguindo os passos das que vieram antes de nós. Somos resistência, afeto, luta e esperança! Se fortaleça mulher! E que não esqueçamos de fortalecer umas às outras. Ajude outra mulher a enxergar a grandeza que existe dentro dela e como ela é incrível! JUNTAS SOMOS MAIS FORTES!
Fonte: Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/carta-explica/por-que-8-de-marco-e-o-dia-internacional-da-mulher/. Acesso: 29/02/2020.

Michelle Silvestre
Mulheres em Pauta

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