TÃO PERTO E TÃO DISTANTES

Venho avaliando algumas situações com a qual me deparo em lugares que vou, e cada vez fico mais perplexa, talvez até indignada, por causa das distancias criadas pela interatividade. Comumente vejo em lanchonetes, bares, restaurantes, praças, shoppings centers, e em tantos outros lugares, a reunião de amigos ou familiares, tão próximos dividindo a mesma mesa, compartilhando o mesmo ambiente, e ao mesmo tempo tão distantes, distantes em um mundo virtual.

Às vezes me pergunto por que muitas pessoas ainda insistem em se encontrar nesses espaços nos dias de hoje? Se quando estão juntas ficam tão separadas e distantes como se estivessem a quilômetros de distancia territorial. Será que o significado dos “happy hours” se perdeu? O que aconteceu com o prazer e o encantamento por aquelas “horas felizes”, em que as pessoas ansiavam pelo momento do reencontro, para desfrutar das companhias dos amigos, das pessoas queridas, para partilhar suas experiências do dia a dia, para conversar bobagens ou falar de coisas sérias, para rir a vontade de tudo, ou simplesmente por nada, para estar divertidamente unidas por um enlace de partilha e socialização.

Aparentemente a impressão que se tem diante desses cenários é que o amigo do mundo virtual é mais interessante, tão interessante a ponto de fazer o amigo do lado ser deixado de lado. A vida dos amigos acompanhada através da tela parece sempre muito mais atraente, porque a maioria das pessoas deixam de viver o momento presente com os amigos no mundo físico, para se dedicarem a seguir as postagens e roteiros da vida daqueles que não estão presentes. Mas será isso um hábito errado? Claro que não, quando se analisa esse comportamento como hábito cultural de uma era interativa cujo processo tecnológico instiga o ser humano a se conectar virtualmente com muitas pessoas, de qualquer parte do mundo. E saber sobre a vida dessas pessoas tornou-se habitual. No entanto, até onde isso é mais importante do que a vida de quem está aqui, junto do nosso lado?

Atualmente tentando disputar a atenção de meus próprios amigos que a todo momento se dispersam de nossas conversas para ficar presos e atentos ao mundo dos outros por meio de seus aparelhos de smartphones, a minha observação gira em torno mesmo da “valorização da presença”, de que as pessoas deveriam saber aproveitar bem mais aqueles momentos ao lado de suas pessoas, momentos que podem ser únicos, ou até mesmo os últimos. Momentos que podem embriagar a todos com alegrias, divertimento, satisfação, partilhas, comunhão. Momentos que podem durar para uma vida inteira, eternizados nas lembranças por terem sido bem vividos, e não apenas almejados na postagem virtual da vida de um alguém que não está presente.

Por: Mariana Helena de Jesus (Bacharel em Comunicação Social)

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