Somos seres políticos!

Houve um tempo que eu pensei que só estaria “preparada” pra entrar em um debate político depois de ter lido os grandes teóricos da política, que só saberia me expressar depois que tivesse uma carga intensa de leitura. Esperei ansiosamente pelo dia em que eu pudesse cumprir todo o meu plano de estudo e leitura sobre política e temas afins, só que esse dia não chegou.

Hoje, alguns anos depois de pensar dessa forma e de buscar essa completude, percebo que esse dia nunca chegará, que o tempo não espera a gente se “preparar” teoricamente e que sempre haverá uma obra importante que ainda não foi lida. Isso não me deixou desesperada, pois encontrei em Paulo Freire o entendimento de que somos seres inconclusos e inacabados. De tal forma, hoje consigo ter consciência sobre esse inacabamento e percebo que o que diz quem sou não são apenas os livros que li, mas sobretudo as minhas vivências, toda bagagem  que tenho como ser político que sou, desde a fila do pão até a ato no Senado, tudo foi e continua sendo aprendizado que não se encontra em nenhuma biblioteca.

 Esse aprendizado mora na práxis, na vivência e experiência real daquilo que se tenta teorizar.  Depois de ter me dado conta disso, sinto ainda mais latente a necessidade de continuar minhas leituras e estudos de forma ainda mais assídua, mas também sinto de forma visceral e crucial a necessidade de ir pra rua, conversar com as pessoas, ler e debater, construir minha base coletivamente e não e não apenas lendo trancada no meu quarto.  O real sentido do conhecimento é ser construído coletivamente. Somos seres inconclusos, mas também somos seres políticos.

Luiza Melo, 20 anos, estudante de Terapia Ocupacional, UFPE.  Feminista, atuante do Movimento Estudantil e em projetos sociais de Sapucarana-Bezerros-PE.

Último artigo publicado: SapuCultura na folia com a EMIRB

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