FOGO CRUZADO – POR INALDO SAMPAIO

Coluna Fogo Cruzado – 4 de outubro de 2018

Armando Monteiro trocou o paletó e a gravata por camisa de mangas arregaçadas

A quatro dias da eleição, os dois principais candidatos ao Governo de Pernambuco, Paulo Câmara e Armando Monteiro, enfrentaram-se no debate da TV Globo, juntamente com Maurício Rands e Dani Portela. Lamentou-se a ausência de Júlio Lossio, que pelo seu preparo e desenvoltura poderia ter dado mais “molho” ao programa. O debate em si não foi ruim, apesar de as regras estarem completamente superadas: 30 segundos para fazer a pergunta, dois minutos para a resposta, um minuto e 25 segundos para a réplica, etc. Como também foi elogiável o comando do jornalista Márcio Bonfim. O candidato Armando Monteiro teve a melhor performance em debates do gênero. Foi duro para cima do governador, levantando questões que aparentemente o embaraçaram como as promessas não cumpridas da campanha de 2014, a invasão da sede do Palácio do Governo pela Polícia Federal, o aumento da violência em Pernambuco, a tentativa de transferir para Temer os baixos investimentos feitos pelo Governo do Estado nos últimos três anos e meio, comparativamente ao Ceará e a Bahia, que também estão em oposição ao governo federal, a sua suposta falta de liderança para comandar um Estado irredento como Pernambuco, e vai por aí. O ponto falho do senador foi precisamente a questão da imagem: em vez de paletó e gravata, mais em sincronia com a liturgia do cargo que pleiteia, foi de camisa com mangas arregaçadas, barba e bigode por fazer, olheiras às vistas dos telespectadores e cabelos desgrenhados. O telespectador presta atenção a esses mínimos detalhes e não é por outro motivo que os partidos investem tanto na produção dos seus programas.

No quarteto dos mais votados

João Campos (PSB), filho do ex-governador Eduardo Campos, estará entre os quatro candidatos a deputado federal mais votados da Frente Popular. Poderia até ter mais votos, não tivesse aberto mão de alguns prefeitos para Tadeu Alencar e Gonzaga Patriota. Mas nunca brigou para ser o mais votado e até se recusa a discutir sua candidatura a prefeito do Recife em 2020.

A troca – Não são poucos os eleitores do PSB estadual que começam a mudar o voto para Jair Bolsonaro. Muitos dizem que se o candidato fosse Lula, votariam nele com certeza. Mas não têm muita simpatia por Fernando Haddad (PT), porque é “mais sulista” do que nordestino.

É Armando! – Pelo que se conhece de Armando Monteiro (PTB), ele jamais vai declarar apoio a Bolsonaro no 2º turno da eleição presidencial, mas há petebistas trabalhando para que Bolsonaro declare apoio a ele. Na Bahia, o candidato do DEM a governador, José Ronaldo, em desvantagem nas pesquisas, já trocou Alckmin (PSDB) pelo candidato do PSL.

É sorte! – Por recomendação médica, Bolsonaro não vai participar do debate da Globo nesta quinta-feira. Se fosse, iria enfrentar uma barra pesada: Haddad (PT), Ciro (PDT), Alckmin (PSDB), Marina (Rede), Meirelles (MDB), Álvaro Dias (Podemos) e Boulos (PSOL) contra ele.

Pára por aí – Experientes políticos do PSB entendem que o rosário de promessas de Paulo Câmara (PSB) nessas eleições deveria parar por aí: 13º salário para o Bolsa Família, pagar o que o Estado deve a fornecedores (R$ 1,4 bilhão) e o programa “Ganhe o mundo” para professores.

A humildade – Maurício Rands (PT) chamou a atenção pela humildade no debate da Globo. Antes de dar qualquer resposta, fazia o preâmbulo: “Se os pernambucanos me derem a honra de ser seu governador”. Já Dani Portela (PSOL) mostrou que não é despreparada como muitos diziam e ao associar sua imagem à de Marielle Franco (RJ) deve ter ganhado alguns votos.

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