Coluna da Segunda-feira do Blog do Magno Martins

Qual Recife sairá das urnas?

Start dado ontem, esta é a eleição decisiva para o PSB em Pernambuco. Vencer no Recife é imprescindível para o projeto de quase perpetuação no Governo, que começou com Eduardo Campos, eleito em 2006, contrariando todos os prognósticos que sinalizavam para o PT ou o sucessor de Jarbas Vasconcelos. Já se passaram 14 anos de um socialismo de fachada, sem nenhuma brecha para a saudável e necessária alternância de poder. A derrota será, em contrapartida, o passaporte para o infortúnio, a certeza de que o Palácio das Princesas também será retomado em 2022 pelas mesmas forças de oposição vitoriosas em 2020.

O cenário para o PSB não é desalentador, mas também não parece nada fácil. Imposto pela viúva Renata Campos, ante o silêncio compreensível de Paulo Câmara e Geraldo Júlio, que batem continência para ela, o herdeiro João Campos é produto fraco, sem oxidação, sem imã, zero empolgação. Oco de ideia e ações, mas parece um cego perdido em tiroteio. Seu jingle, fraquíssimo, prova, igualmente, que nem um bom marqueteiro foi contratado para a milionária campanha.

Sua estreia no corpo a corpo nas comunidades foi um desastre. Chegou a ser expulso de uma delas, conforme este blog antecipou ontem. João pode até ter um futuro promissor, mas hoje, aos 26 anos, imaturo por natureza, não tem estatura para tocar uma cidade do porte econômico e da dimensão política como Recife, centro de irradiação do Nordeste, cidade revolucionária, estuário dos gritos de rebeldia que levaram o País à sua independência.

A Recife de Pelópidas Silveira, marco de gestão pública entre o final dos anos 50 e o limiar dos 60, de um Jarbas Vasconcelos, quatro anos ocupando o primeiro lugar em aprovação popular entre os prefeitos de capitais, provavelmente terá razões para resistir a improvisos, a arranjos familiares. Uma cidade que já foi governada por cinco ex-governadores – Arraes, Jarbas, Krause, Joaquim e Roberto Magalhães – tem, por isso mesmo, um passado honrado que condena um futuro construído sem cabelos brancos, com a marca dente de leite imposta pelo PSB.

Recife tem história. Sua inquietação política nas primeiras décadas do século XIX remete a profundas conexões com as mudanças que aconteciam desde o século XVIII, das grandes revoluções burguesas. Berço de lutas pela autonomia política, em nome dos ideais consagrados pela Revolução Francesa, imaginário político marcado pela inquietação e pela resistência ao autoritarismo presentes na Confederação do Equador, Recife está diante de uma profunda reflexão neste momento em que a pauta da eleição se apresenta entre o paradoxo de honrar as suas tradições libertárias ou voltar à capitania hereditária.

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