Deixo aqui a minha satisfação pela oportunidade de ter assistido o espetáculo “Enraizado” de Ciel Santos, artista bezerrense, cantor e compositor, que tem atraído e encantado muita gente no seu show. Recomendo a quem não assistiu, assista! Uma apresentação linda, digna de todos os aplausos e reconhecimentos, que me fez repensar sobre o amor, sobre as forma de nos doarmos mais uns aos outros, sobre como nos estendermos, e nos entendermos em nosso próprio universo interior e externo. Um momento que nos fez refletir sobre as diferenças contidas no outro (os excluídos, açoitados, e marginalizados diante dos falsos padrões moralistas e hipócritas criados na sociedade). O negro, o homossexual, os gordos, os tatuados, os anorexos, as lésbicas, entre tantos outros grupos e estereótipos discriminados, eu confesso que me questionei sobre a minha forma ainda limitada de ver o mundo, e o quanto ainda é pequena a minha contribuição humana nesse cenário caótico de tantos “desrespeitos”.
Que orgulho de Ciel Santos pela abordagem de um tema tão atual e polêmico, retratado de uma forma majestosa, com a delicadeza da alma, com a sensibilidade humana, com o gigantismo de um coração doce, que através da música, da dança, e de textos incríveis, apresentou um espetáculo belíssimo. Suas “raízes”, do menino pobre, do menino do interior, filho de agricultores, do menino cantor tão talentoso, do menino “gay” tão discriminado, que se enraizou pela vida, e apesar de tantas dores e quedas, diante de tantos nãos e de tantas limitações, diante de tantas lutas e esforços, enraizado em suas convicções e vestido de coragem plantou sementes, floresceu, e deu frutos.
Lindo de ver a presença do público diversificado prestigiando o espetáculo, uma plateia que vibrou a cada música cantada, a cada texto proferido, a cada gesto encenado. E para muitos, ficou impossível de conter a emoção, de segurar as lágrimas, ao se reconhecer no mundo do outro, na pele do outro, na essência do outro, na dor do outro, ou na sua própria vida. Lindo de ver a alegria e orgulho de seus pais tão humildes sentados ali na plateia, extasiados assistindo a performance de seu filho, cintilando talento, exalando sentimento, evidenciando a arte, encantando as pessoas, enquanto cantava, e contava a sua história de uma maneira poética, que mesmo com muitas dificuldades, superou os espinhos do sofrimento, e desabrochou em alegrias, contentamentos, evolução, realizações, e na conquista do seu espaço.
Indiscutivelmente um espetáculo imperdível, que despertou a atenção dos presentes, não somente pelo tema abordado e pela atuação brilhante de Ciel Santos, mas por todo o contexto profissional da produção do evento, desde a sonoplastia, a iluminação, os músicos, e a direção. Realmente um maravilhoso espetáculo, que nos aproxima da gente mesmo, que nos instiga a nos desnudarmos dos nossos “pre-conceitos” e a nos libertarmos de nossas algemas, nos aproximando dos outros através daquilo de mais bonito que nos une, o amor.